Opiniões divergentes do optimismo salientam "pistola apontada à cabeça" de Tsipras
Porto Canal
Várias opiniões contrastantes com o alívio expresso após o acordo europeu sobre a Grécia foram divulgadas hoje, considerando que o chefe do governo grego, Alexis Tsipras, esteve nas negociações com "uma pistola apontada à cabeça".
"O que se está a procurar fazer na Grécia é um golpe de Estado financeiro, transformá-lo (ao país) num protetorado financeiro", afirmou o antigo eurodeputado espanhol Pablo Echenique, atual eleito regional pelo partido Podemos, um dos aliados do Syriza, o partido de Tsipras.
"O objetivo é derrubar um governo saído das urnas", afirmou o número dois deste partido, Inigo Errejon, que evocou "um golpe de Estado financeiro".
Em França, Jean-Luc Mélenchon, cofundador do Partido de Esquerda e próximo de Tsipras e do chefe do Podemos, Pablo Iglesias, retomou a expressão usada na véspera por um membro do governo de Atenas, que aludiu a negociações "com uma pistola apontada à cabeça".
De forma indignada, afirmou: "Esta é a União Europeia. Com um revólver apontado à cabeça, uma nação já asfixiada e colocada sob bloqueio financeiro deve concluir um 'acordo' ao fim de 13 horas de negociação?"
Catarina Martins, do português Bloco de Esquerda, estimou que "a democracia foi completamente apagada do mapa", enquanto o PCP aludiu a "asfixia".
Logo no domingo à noite, o Prémio Nobel da Economia Paul Krugman ajudou a divulgar a mensagem que circulava nas redes sociais '#ThisIsACoup' (#IstoÉUmGolpe) e pretendia descrever a essência das negociações.
"A lista das exigências do eurogrupo é uma loucura. O 'hashtag' (cardinal, sinal usado nas redes sociais, designadamente na twitter) da moda, #ThisIsACoup, está perfeitamente certo. Isto vai além da dureza. É uma vontade de vingança, de destruição total da soberania nacional. (...) Uma traição grotesca a tudo o que o projeto europeu era suposto defender", escreveu.
Em Itália, os populistas do Movimento 5 Estrelas do ex-comediante Beppe Grillo deploraram "a humilhação da Grécia".
Nos antípodas do xadrez político europeu, os eurófobos britânicos do Ukip e da extrema-direita francesa, da Frente Nacional, também falaram de "humilhação" e soberania reduzida.
Ainda em Itália, um dirigente da Liga Norte, Matteo Salvini, que também se opõe ao euro, classificou o acordo sobre a Grécia como uma "palhaçada", argumentando: "Dá-se uma prenda (à Grécia) de 80 mil milhões de euros e não se discute a Europa e os tratados".