Granadeiro tinha o dever de se manter informado sobre aplicações no GES
Porto Canal / Agências
Lisboa,09 jan (Lusa) - A PriceWaterhouseCoopers considera que o presidente executivo (CEO) da PT "tinha o dever de se manter informado quanto às operações financeiras com impacto na tesouraria da empresa, como o caso das aplicações no Grupo Espírito Santo (GES).
No relatório sobre as aplicações financeiras da PT SGPS no GES, a PwC aponta que o presidente executivo da altura, Henrique Granadeiro, "tinha o dever de se manter informado na posição de tesouraria da PT SGPS, solicitando em tempo útil e de forma adequada informação ao CFO [administrador financeiro] sobre estes temas".
Além disso, Henrique Granadeiro tinha de "assegurar que tal informação era prestada, em primeira linha, aos demais membros da CE [comissão executiva]", acrescenta a PwC, no relatório divulgado quinta-feira à noite.
Também Pacheco de Melo, administrador financeiro na altura, "tinha o dever, entre outros, de informar pontual e oportunamente os membros da CE da Comissão de Auditoria das operações financeiras contratadas pela PT SGPS e suas subsidiárias com impacto relevante na sua posição de tesouraria".
No relatório, a PwC adianta que a 28 janeiro do ano passado decorreu uma reunião no Banco Espírito Santo (BES) entre Luís Pacheco de Melo, na altura CFO da PT SGPS, e o presidente executivo da instituição financeira, Ricardo Salgado, "por iniciativa deste último para apresentação da Rioforte".
Nesse encontro, "terá sido explicado que o grupo PT deveria passar a investir em papel comercial emitido pela Rioforte, em detrimento de títulos emitidos pela ESI [Espírito Santo International]", tendo sido entregue "uma apresentação sobre a reestruturação do GES, "que era omissa quanto aos efeitos das operações descritas em '31 de dezembro de 2013' e '22 de janeiro de 2014' na situação financeira da Rioforte", refere a consultora.
Quase dois meses depois, mais concretamente a 26 de março, realiza-se uma reunião no BES entre Pacheco de Melo, o diretor financeiro da PT SGPS, Carlos Cruz, e o administrador financeiro do BES, Amílcar Pires, sobre a continuação das aplicações existentes em papel comercial emitido pela Rioforte.
E aqui surgem contradições sobre quem pediu a reunião.
Segundo a consultora, "o engenheiro Luís Pacheco de Melo refere que a reunião ocorreu a pedido" de Henrique Granadeiro, enquanto Amílcar Morais Pires "refere que a reunião ocorreu a pedido de Ricardo Salgado e ainda que este teria afirmado que, no essencial, já estaria tudo acordado sobre o tema" entre o presidente do BES, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, que na altura era presidente executivo da Oi.
A PwC adianta que apesar das várias tentativas não conseguiu falar com Ricardo Salgado.
O relatório é divulgado após as buscas efetuadas pelas autoridades na sede da PT e nos escritórios da PwC e em vésperas da reunião magna de acionistas da empresa, agendada para segunda-feira, 12 de janeiro.
A Assembleia Geral de acionistas visa aprovar, ou não, a venda da PT Portugal, desde maio passado nas mãos da brasileira Oi, ao grupo francês Altice.
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