25 Abril: BE diz que democracia não é hipotecável "nas mãos dos credores"
Porto Canal / Agências
Lisboa, 25 abr (Lusa) - A deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua disse hoje que a democracia que o 25 de Abril de 1974 trouxe a Portugal não é hipotecável "nas mãos dos credores".
"Erguemos a voz que Abril nos deu para, aqui e hoje, dizer que a Constituição do nosso povo, os seus direitos, a sua soberania para escolher o futuro, não é hipotecável nas mãos dos credores", assinalou a bloquista, que falou em nome do partido no parlamento na sessão solene dos 40 anos da revolução de Abril.
A jovem deputada, de 27 anos, começou a sua intervenção declarando que a sua geração "não conheceu outro regime que não a democracia de Abril", enumerando que deve "tudo, mas mesmo tudo", aos que "tiveram a coragem de desafiar o medo desejar uma revolução".
"Anti-fascistas, revolucionários românticos, ex-presos políticos, sindicalistas da resistência, soldados, capitães de Abril, queremos saudar-vos: a vossa voz merecia ser ouvida, aqui e hoje, porque é a voz de todos os que vos devem a voz", frisou Mariana Mortágua.
Mesmo não faltando "excelentes razões para festejar esse tempo de mudança que foi a revolução", a deputada lamentou que haja "quem se desencante com o que foi feito deste país de Abril".
"Afinal, renderam a nossa democracia à ditadura dos mercados e é em seu nome que governam. (...) Se Berlim manda, o Governo cumpre. Se os mercados murmuram, o país treme. Estranha forma de democracia esta em que toda a governação é feita a pensar nos mercados e avaliada por eles", realçou.
Mariana Mortágua diz que aos mercados "incomoda essa maçadoria chamada democracia e os governantes, para lhes fazer a vontade, apelam a um consenso".
Portugal, contudo, "não pode suportar a escolha entre a austeridade nefasta e a austeridade fofinha. A austeridade não é um remédio, é uma peçonha", alertou.
Criticando o tratado orçamental europeu, a jovem parlamentar advertiu que "o consenso da austeridade" é uma ameaça sobre o futuro do país, que precisa de alternativas políticas e económicas.
"Faço parte de uma geração que já nasceu em democracia. Não é por saudosismo que falo de Abril. É por vontade de futuro", reforçou Mariana Mortágua.
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