Assembleia Municipal do Porto aprova comissão de inquérito às obras na Arrábida

Assembleia Municipal do Porto aprova comissão de inquérito às obras na Arrábida
| Política
Porto Canal com Lusa

A Assembleia Municipal do Porto aprovou esta terça-feira, por maioria, a constituição de uma comissão de inquérito às construções na Arrábida e à eventual ligação com o negócio do Parque da Cidade.

A proposta, apresentada pelo movimento do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e que apenas mereceu a abstenção de um deputado municipal do Bloco de Esquerda, prevê a constituição de "uma comissão eventual" para apurar a "legalidade e oportunidade da atuação" do município no licenciamento e execução do projeto urbanístico atualmente em curso junto à escarpa da Arrábida, "conhecido como projeto da Arcada", durante os mandatos do ex-autarca Rui Rio.

O objetivo da comissão, de acordo com a proposta, é "apurar a eventual relação entre estes licenciamentos e os acordos judiciais e extrajudiciais celebrados em 2008 e 2009 no âmbito do Parque da Cidade e aprovados pela Assembleia Municipal".

"É tempo de acabar com a hipocrisia de quem atira a pedra e esconde a mão. Porque a verdade não nos condiciona. Nada tememos da verdade. Tomamos por isso a iniciativa de requermos nós próprios esta comissão eventual, mas não contem connosco para folclore político. Esta comissão há de ter um objeto muito preciso e circunscrito, suscetível de ser cumprido em tempo útil", afirmou André Noronha, líder da bancada municipal do movimento independente "Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido".

Na resposta, o deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro disse que os socialistas não querem reescrever a história e entenderam que deviam contribuir para a celeridade do apuramento dos factos e não inviabilizar a apresentação de conclusões no prazo de 60 dias definidos na proposta.

Rui Moreira interveio apenas para deixar claro que "não conhece o teor" dos documentos apresentados pelo PS no dia 27 de setembro e que levaram os socialistas a pedir o embargo imediato da obra na escarpa da Arrábida.

O autarca indicou que o parecer jurídico sobre a titularidade dos terrenos registados por usucapião na escarpa da Arrábida, solicitado pelo município, já chegou e foi entregue aos vereadores.

Durante o debate, PSD e Bloco de Esquerda apresentaram também duas propostas para a constituição de duas comissões eventuais de inquérito.

O PSD entendeu que o âmbito restrito da comissão proposta pelo movimento de Rui Moreira não permite o esclarecimento cabal de todas as dúvidas, enquanto o Bloco de Esquerda considerou que a comissão ultrapassa as competências da Assembleia Municipal e acusou o movimento de Rui Moreira de "estar mais interessado em proteger a obra do que a cidade".

Para o deputado municipal da CDU Artur Pereira, o âmbito da proposta não pode ser muito alargado, caso contrário não haverá conclusões "nem daqui a 60 dias ou daqui a seis meses".

A comissão eventual, agora aprovada, deverá apresentar um relatório final à Assembleia Municipal no prazo máximo de 60 dias, para que esta e "a cidade fiquem esclarecidas acerca da legalidade e oportunidade das sucessivas aprovações e licenciamentos, desde o primeiro destes atos ocorridos em 2001, através da aprovação do primeiro Pedido de Informação Prévia (PIP) para o local, até à presente data".

Em 27 de setembro, o PS/Porto pediu o embargo da obra na escarpa da Arrábida cujo licenciamento disse ser ilegal.

Em conferência de imprensa, o vereador do PS Manuel Pizarro afirmou que o licenciamento da obra na escarpa foi feito depois da entrada em vigor do Plano Diretor Municipal (PDM) de 2006, no qual aquela área era definida como um espaço verde, sem edificações.

"Como tal, esse licenciamento está ferido de nulidade, e estando ferido de nulidade, só resta à Câmara Municipal do Porto, para cumprir a lei, declarar essa nulidade e embargar a construção que está a ser feita na Arrábida", frisou.

O socialista lembrou ainda que, contrariamente ao que tinha sido divulgado pela autarquia, não há qualquer decisão do Supremo Tribunal Administrativo que dê direitos construtivos na Arrábida.

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.