Pelo menos cinco mortos, incluindo um ex-ministro, em atentado em Beirute
Porto Canal / Agências
Beirute, 27 dez (Lusa) - Pelo menos cinco pessoas, entre as quais um ex-ministro e conselheiro do ex-primeiro-ministro libanês Saad Hariri, foram hoje mortas num atentado à bomba que fez mais de 50 feridos, informou a agência estatal NNA.
"Cinco cidadãos morreram e mais de 50 ficaram feridos, enquanto 10 edifícios ficaram muito danificados", disse a agência.
Entre os mortos está Mohammad Chatah, 62 anos, um conselheiro próximo do ex-primeiro-ministro libanês Saad Hariri, que lidera a coligação hostil ao regime sírio.
Chatah, que foi também ex-ministro das Finanças e embaixador em Washington, foi morto quando se dirigia para a casa de Saad Hariri, ausente do país, onde às 09:30 (07:30 em Lisboa) deveria decorrer uma reunião da coligação do "14 de março", hostil ao regime de Bashar al-Assad e apoiante da oposição síria.
O atentado foi perpetrado com um carro bomba e as imagens transmitidas pelo canal Future TV mostram pessoas em chamas, outras deitadas no chão, algumas ensanguentadas, assim como os restos retorcidos de um veículo incendiado.
Ambulâncias e reforços das forças de segurança foram enviados para o local, onde começou a juntar-se uma multidão.
A morte de Mohammad Chatah surge numa altura em que o Líbano se vê envolvido na engrenagem do conflito na vizinha Síria.
A explosão lançou fumo negro sobre a capital do Líbano e sobre o Serail, um grande complexo onde se situam as instalações do primeiro-ministro libanês.
O Serail, situado no topo de uma colina construída pelo Homem e onde estão também o parlamento, bancos e modernos edifícios de vidro, foi destruído durante a guerra civil de 1975-1990.
O ataque recorda, escreve a AFP, que a violência que abalou o país durante a guerra civil nunca está muito longe, e surge numa altura em que o conflito na vizinha Síria estende os seus efeitos ao Líbano.
Aquele conflito, que dura há 33 meses e já terá resultado na morte de mais de 126 mil pessoas, aprofundou as divisões sectárias no Líbano e motivou alguns confrontos sangrentos entre opositores e apoiantes do regime sírio no país, que já acolhe mais de 825 mil refugiados.
Chatah, um influente economista, foi conselheiro dos ex-primeiros-ministros Fuad Siniora e do seu sucessor Saad Hariri.
Hariri lidera a coligação 14 de Março, opositora do regime sírio, um grupo que surgiu depois de o seu pai, o ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri, ser assassinado num atentado à bomba em Beirute em fevereiro de 2005, atribuído à Síria.
A coligação apoia os rebeldes sírios que têm combatido o presidente Bashar al-Assad desde março de 2011 com o objetivo de derrubarem o regime.
O poderoso movimento chiita Hezbollah, opositor da coligação 14 de março, enviou militantes para combater ao lado das tropas sírias contra os rebeldes.
O Presidente Michel Sleiman avisou em novembro que o envolvimento do Hezbollah na Síria é uma ameaça à "unidade nacional e paz civil" no Líbano.
O Líbano está há meses sem Governo devido a profundas divisões entre o Hezbollah e os partidos que se opõem à sua intervenção na Síria.
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