Marcelo presidente quer Governo "com sucesso" e oposição "ativa"

Porto Canal com Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa, eleito, este domingo, Presidente da República, prometeu ser “livre e isento” e defendeu uma governação "com eficácia e com sucesso" e uma oposição "ativa e representativa".
Depois de uma campanha eleitoral sem cartazes nem os tradicionais comícios, o professor, como é conhecido depois de anos de comentário televisivo, venceu com 52% e deixou, na noite da vitória sem grandes festejos na rua, pistas sobre o seu mandato e a sua relação com o Governo liderado pelo PS de António Costa.
No discurso de vitória, o ex-líder do PSD manifestou a intenção de "fomentar a unidade nacional", "promover as convergências políticas" e "incentivar o frutuoso relacionamento entre órgãos de soberania e agentes políticos, económicos, sociais e culturais" enquanto chefe de Estado.
"O Presidente da República é o primeiro a querer que o Governo governe com eficácia e com sucesso, porque isso é importante para o sucesso de Portugal. Do mesmo modo é indispensável que a oposição seja ativa e representativa, porque do seu contributo e do seu escrutínio se faz igualmente a força da democracia", afirmou o presidente eleito.
Depois de um dia de eleições sem incidentes – com apenas um boicote, em Muro, Trofa -, os eleitores deram a vitória a Marcelo, com 52% e logo à primeira volta.
António Costa preferiu fazer uma declaração como primeiro-ministro, na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, remetendo a posição oficial do PS para a secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes.
“Ao Presidente da República agora eleito quero reafirmar o compromisso de máxima lealdade e plena cooperação institucional que tive a oportunidade de expressar aquando da tomada de posse do atual Governo", disse.
António Sampaio da Nóvoa, que ficou em segundo lugar nas eleições, felicitou Marcelo Rebelo de Sousa e disse que lhe ligou para pedir que seja o Presidente de todos os portugueses.
"A partir de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa é o meu presidente e o de todos os portugueses", declarou Sampaio da Nóvoa na sede da sua candidatura, em Lisboa, salientando que “Portugal precisa muito de união”.
A candidata apoiada pelo BE, Marisa Matias, assumiu que o objetivo da segunda volta falhou, mas considerou que "os resultados também demonstraram que há uma enorme onda de esperança que está a crescer” no país e que “está a fazer o seu caminho".
Maria de Belém – que ficou em quarto lugar com pouco mais de 4% dos votos - foi a primeira candidata a assumir a derrota, depois de uma “campanha difícil”, e a anunciar que já tinha saudado o “novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa”.
Edgar Silva, que teve o pior resultado de candidatos apoiados pelo PCP, assumiu que o resultado eleitoral desejado ficou por alcançar, mas prometeu continuar a "sonhar coisas impossíveis" e com um Portugal melhor, de "progresso e justiça social".
Vitorino Silva, conhecido por Tino de Rans, manifestou-se "muito contente" com o resultado eleitoral, lembrando que foi "o sexto filho, o sexto no boletim de voto e o sexto" nestas eleições.
Paulo de Morais admitiu que o resultado das eleições ficou “muito aquém” do esperado, mas realçou que o tema que sempre defendeu, do combate à corrupção, “não pode sair mais da agenda política”.
Henrique Neto disse esperar que Marcelo Rebelo de Sousa surpreenda os portugueses como novo Presidente da República e que seja um "fator positivo da mudança profunda que o país precisa".
Jorge Sequeira disse que ainda não é “suficientemente político” para dizer que teve uma vitória, mas reconheceu que nos seus “sonhos mais profundos” esperou ter mais votos.
Cândido Ferreira, o candidato com menos votos, considerou que os resultados das candidaturas independentes ficaram "muito aquém das expectativas", devido à "demasiada partidarização da vida política".
Segundo os dados da secretaria-geral do Ministério de Administração Interna - Administração Eleitoral, quando ainda faltam apurar 14 consulados, Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu 52% dos votos, seguindo-se António Sampaio da Nóvoa (22,89%), Marisa Matias (10,13%), Maria de Belém Roseira (4,24%), Edgar Silva (3,95%), Vitorino Silva (3,28%), Paulo de Morais (2,15%), Henrique Neto (0,84%), Jorge Sequeira (0,3%) e Cândido Ferreira (0,23%).