Maria Luís critica supervisão. BdP atribui a culpa a PSD-CDS
Porto Canal (LYC)
A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, acusou o sistema financeiro de falta de supervisão, na segunda-feira. Foi a primeira vez que Maria Luís teceu críticas, publicamente, ao Banco de Portugal.
Em entrevista à TVI, Maria Albuquerque, afirmou existir “claramente um problema de supervisão” no sistema financeiro, quando lhe foi colocada a questão relativa ao papel do Banco de Portugal nas crises dos bancos nos últimos anos (BPN, BES e, agora, Banif). Logo após deixar cair a acusação, a ex-ministra tentou corrigir-se e frisou a sua “confiança” no actual governo de Carlos Costa.
O comentário foi mal recebido no Banco de Portugal. Um fonte próxima do Banco disse ao jornal DN que “a culpa do que aconteceu ao Banif é do governo anterior PSD-CDS porque não fez sentir, junto da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, o seu peso e a sua pressão para que os planos de reestruturação fossem aprovados e houvesse uma solução mais rápida”.
A crítica de Maria Luís tem o apoio do CDS, que assumiu agora uma atitude mais ofensiva do que o próprio PSD, no que toca à decisão do governo PS. Nuno Magalhães, presidente do grupo parlamentar, diz ter muitas dúvidas acerca da solução encontrada, nomeadamente sobre os valores em causa (2,2 milhões).
O CDS e o PSD não teceram comentários acerca da carta, de Dezembro de 2014, divulgada na segunda-feira pela TSF, na qual a comissária europeia da concorrência alertava a ex-ministra das Finanças para a necessidade de uma solução rápida e atribuia a falta de decisão à necessidade de o governo conseguir sair de forma ilesa do programa de reajustamento.
Maria negou a falta de empenho, relembrando que o governo do qual fez parte apresentou oito planos de reestruturação a Bruxelas, sendo que todos foram declinados.
Já a esquerda não tem qualquer dúvida sobre a responsabilidade do antigo governo e de Carlos Costa no caso Banif. Ana Catarina Mendes, do PS, frisou que “não é a resolução agora apresentada que tem custos para os contribuintes. Esta é a conta que recebemos da intervenção do Estado em 2012 e do papel da autoridades nos últimos três anos, apenas com objectivos eleitorais, sem acautelar o interesse dos depositantes e dos contribuintes e dos depositantes".
PCP e BE dizem ter sido “criminoso” o comportamento do antigo governo. Maria Mortágua, do BE, diz que Carlos Costa "não tem as mínimas condições para se manter na sua posição".
O PCP lembrou que o partido já vinha a alertar para a situação do Banif e para as posições do Estado no capital, desde 2012. Sobre o Banco de Portugal, afirma que "esteve sempre à margem da regulação efectiva" e que o governador "sabia há três anos da situação".