Mulheres croatas distribuem pão, bolos e água a refugiados
Porto Canal com Lusa
Zagreb, 17 set (Lusa) -- A Croácia fechou hoje, "até nova ordem", sete das suas oito passagens fronteiriças com a Sérvia, depois de uma entrada massiva de refugiados do Médio Oriente a partir deste país vizinho, indicou o Ministério do Interior croata.
"O tráfico é interdito nos postos fronteiriços de Tovarnik, Ilok, Ilok 2, Principovac, Principovac 2, Batina e Erdut", especificou o Ministério, em comunicado.
Mais de 11 mil refugiados entraram no país desde a manhã de quarta-feira, provenientes da Sérvia, especificou.
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Ilaca, Croácia, 17 set (Lusa) -- Mulheres croatas deslocaram-se hoje voluntariamente à gare de Ilaca, perto da fronteira com a Sérvia, onde centenas de refugiados embarcavam para Zagreb, carregadas com pão, bolos feitos em casa, água e produtos para bebé.
Estes refugiados tinham sido encaminhados pelas autoridades croatas através de autocarro, a partir de Tovarnik, para aliviar esta cidade fronteiriça, onde se tinham concentrados aos milhares durante o dia.
Na gare de Ilaca, a apenas uma dezena de minutos de Tovarnik, ocorreu uma grande confusão, com as pessoas a descer dos autocarros e a precipitar-se logo de seguida para subir para o comboio.
Mulheres idosas e bebés foram retirados deste movimento e dos confrontos que surgiram para ocupar um lugar aqui ou num ponto do corredor ali.
Mas a calma regressou rapidamente quando cada um compreendeu que havia lugar para todo, mesmo em pé ou entre duas portas, para a viagem para a capital croata, a 300 quilómetros de distância, para ocidente.
As aldeãs croatas apareceram então difundindo alguma alegria, ao distribuírem alimentos, pão e bolos.
"Tínhamos uma ideia completamente errada sobre estas pessoas. Com o que tenho ouvido, pensava que eram problemáticos. Para falar verdade, tinha mesmo algum medo em vir", afirmou Ines Coti, de 20 anos, que veio à estação ferroviária com a mãe.
"Mas eles são supereducados são pessoas tal e qual como nós. Merecem ajuda, alegria, felicidade. Estou radiante por ter vindo!", acrescentou.
Neste local próximo da fronteira entre a Sérvia e a Croácia, vários edifícios ainda exibem as marcas de balas e outros sinais da guerra da ex-Jugoslávia, nos anos 1990.
"Há 20 anos, éramos nós que estávamos no meio de uma guerra e precisávamos de ajuda", disse simplesmente um idoso, que também se deslocou à gare com os braços carregados.
"Estou feliz", disse Mohamed, um sírio com uma vintena de anos, que fugiu para evitar ser integrado nas fileiras militares do regime de Damasco, porque não queria ser "nem assassino, nem vítima".
Para explicar a sua felicidade, detalhou: "Esperei dois dias com calor, por terra, sem tenda, sem água, sem comida. Estou tão, tão contente".
A Croácia foi colocada na primeira linha na situação atual dos refugiados na Europa depois do encerramento pela Hungria da sua fronteira com a Sérvia.
O Ministério do Interior quantificou hoje à tarde que já tinham entrado no país 8.900 refugiados, enquanto outros acampam em Tovarnik, à espera da sua vez de serem transferidos.
Aguarda-se a chegada de mais milhares de refugiados nos próximos dias, provenientes da Sérvia.
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