Os portuenses estão “incomodados e revoltados” por verem o comércio tradicional desaparecer
Ana Francisca Gomes
O presidente da Câmara Municipal do Porto voltou a revelar preocupação com a proliferação de lojas de souvenirs pelo Centro Histórico da cidade. Rui Moreira acredita que estes negócios possam estar ligados a lavagem de dinheiro.
“Os meus cidadãos estão incomodados e revoltados por verem as lojas que conheciam a desaparecerem porque não conseguem pagar as rendas nos melhores sítios do Porto, mas depois [no seu lugar] aparecem lojas destas [de souvenirs]. Isto revolta as pessoas”, afirmou Rui Moreira à margem da conferência internacional “Segurança Urbana 5.0 – Os Desafios na Era da Inteligência”.
Aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto voltou a relembrar que, há cerca de um ano, a autarquia foi contactada pelo então ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, para que fosse feito um levantamento e mapeamento deste tipo de negócios pela cidade. “Isto porque decorria já em Lisboa - e julgo que era a Procuradoria-Geral da República que estava preocupada com isso - também uma investigação relativamente à proliferação de um conjunto de lojas que, pelo menos na sua aparência, não têm uma atividade económica que consiga justificar o pagamento de rendas nos sítios mais caros das cidades”, contextualizou.
Os dados resultantes desse levantamento indicavam que há data, em 43 ruas do Centro Histórico do Porto, existiam 181 lojas de souvenirs - número que o autarca acredita que continue a aumentar.
“Quando nós vemos que o resto do comércio tradicional se queixa que por causa das vendas online e das grandes superfícies vendem menos, e de repente parece que a coisa que vende são souvenirs … alguma coisa está mal”, atirou.
Rui Moreira afirmou ainda ter receio que, na cidade do Porto, essas lojas estejam ainda ligadas ao tráfico humano. Preocupação essa que o levou a saudar a medida anunciado por Luís Montenegro, no congresso do PSD deste fim-de-semana, da criação de equipas multiforças que integram PJ, PSP, GNR; ASAE, ACT e AT cujo objetivo é o combate ao tráfico de droga, a imigração ilegal, o tráfico de seres humanos.