Especial Eleições Galiza: O sonho da independência ainda está vivo?
Henrique Ferreira
Se há, na Galiza, quem esteja satisfeito com o modelo autonómico e com a forma como este evoluiu nos últimos 40 anos, também há quem acredite que a região deveria ser mais do que isso. Apesar de contidos, os movimentos independentistas galegos continuam a propor o reconhecimento da Galiza como estado soberano.
Este texto é parte integrante da Grande Reportagem do Porto Canal “Galiza: Espelho da Autonomia”, publicada a 16 de Março de 2023.
Nos últimos anos criaram-se dezenas de teorias sobre a independência da Galiza. Entre elas, a ideia de um conceito político com Portugal para criar o género de uma “Portugaliza” que, numa visão ainda mais radical, se poderia unir ao País Basco e à Catalunha numa espécie de confederação ibérica de estados. Ideias que à partida não passarão disso mesmo, até porque o BNG, única força política nacionalista com representação democrática, assume hoje uma posição mais moderada.
“Há uma pulsão nacionalista na região, mas socialmente não há um desejo de independência”, explica Carlos Amado, que não identifica o risco de a situação escalar como aconteceu na Catalunha. Aliás, a posição é também defendida pelo presidente do parlamento, que garante que a população “se sente tranquila com o governo atual e tem a noção de que vive numa região com um nível de autonomia muito elevado”.
Apesar disso, o Bloco Nacionalista Galego não tem dúvidas de que o mapa da Europa se vai alterar nos próximos anos. “Em Espanha há uma realidade plurinacional, há nacionalidades históricas que não têm um bom encaixe político no atual mapa das autonomias e, portanto, há um debate sobre esta questão”, afirma o deputado Luís Bará, que recorda que há situações semelhantes a acontecer noutros países, como o Reino Unido ou a Bélgica.
Visão contrária tem o Partido Popular, que coloca em si próprio o mérito de ter conseguido gerir “o amor que o povo galego tem pela sua terra, que não é incompatível com o amor por Espanha e com a integração na Europa”. Para Pedro Puy Fraga, são estes três ingredientes que caracterizam o sentimento identitário da população da Galiza, que é “muito aberto” e “totalmente compatível” com outros.
Reveja a versão integral em formato multimédia da Grande Reportagem “Galiza: Espelho da Autonomia”