Galegos usam cada vez mais Norte de Portugal para narcotráfico, alertam especialistas
Porto Canal
O tráfico de cocaína com passagem direta pelos portos do Norte de Portugal está a aumentar, alertam especialistas em narcotráfico. Numa reportagem publicada pelo Jornal de Notícias (JN) na edição deste domingo, fala-se de uma sintonia cada vez mais intensa entre grupos criminosos galegos e portugueses, que aproveitam a menor pressão policial lusa para fazerem negócios mais volumosos.
Os portos de Leixões e de Vigo têm sido especialmente afetados pelo aumento do narcotráfico, com mais pessoas a focarem-se na recolha e transportes de encomendas de droga.
Tanto portugueses como galegos trabalham com lanchas rápidas, que usam para recolher as encomendas – os fardos – de droga atirados ao alto mar por embarcações provenientes da América do Sul. Chegados a terra, os criminosos escondem o produto, à espera que outras organizações façam a distribuição. Segundo os especialistas ouvidos pelo JN, portugueses e galegos preferem ficar-se pela logística de transporte.
Há ainda outros dois aspetos que tornam o Norte português atrativo para o narcotráfico galego: uma “lacuna” na lei nacional sobre construção de lanchas e a facilidade de lavagem de dinheiro.
Sobra as lanchas, a lei espanhola proíbe especificamente a posse e construção destas embarcações ultraleves capazes de “voar” autenticamente em mar, com velocidades de 100 km/h. Mas em Portugal não existem esse tipo de restrições, pelo que empresas portuguesas do Minho fabricam livremente lanchas rápidas usadas no narcotráfico.
Os grupos galegos usam ainda a compra de quintas do Minho, casas e pequenas empresas portuguesas na fronteira para branquear os ganhos do negócio da droga, mais facilmente escondido pela dificuldade de as autoridades portuguesas cruzarem informação.