Construção da nova ponte do Metro deverá provocar fortes constrangimentos no Campo Alegre
Ana Francisca Gomes
A empreitada da nova linha Rubi, que ligará Santo Ovídio, em Gaia, à Casa da Música, deverá causar fortes constrangimentos no Campo Alegre, um dos principais acessos ao centro da cidade do Porto. Em causa está a construção da nova ponte sobre o Douro e de uma estação subterrânea. Universidade e Metro têm-se reunido “regularmente” com o objetivo de estudar os impactos da obra e desenvolver medidas de mitigação. Câmara acompanha com “preocupação.”
Ainda não há data oficial para o arranque das obras de construção da futura linha Rubi, mas a Metro do Porto já começou a estudar alternativas para mitigar os impactos previstos resultantes da empreitada na zona do Campo Alegre e Massarelos. Os condicionamentos deverão sentir-se no trânsito, num dos principais acessos ao centro da cidade e atualmente já sob congestionamento diário.
O desaparecimento de três parques de estacionamento, utilizados, sobretudo, por alunos e professores do pólo III da Universidade do Porto, composto pelas faculdades de Arquitetura, Ciências e Letras também está a gerar preocupação.
Fonte da reitoria avançou que a Faculdade de Arquitetura será a mais afetada pelas obras, apontadas para o início de 2024. O desaparecimento do parque privativo da instituição, do outro lado da Via Panorâmica, que servirá de estaleiro da obra, deixará toda a comunidade académica sem alternativa para estacionar viaturas privadas.
“A Metro do Porto tem mantido reuniões regulares com a Universidade do Porto para desenvolver o plano de obra, o que implica concessões de parte a parte para diminuir os constrangimentos que vão ser causados", informou a Reitoria ao Porto Canal, que explicou que há terrenos da U.Porto que serão ocupados pela nova linha.
Arranque da nova ponte do metro junto à Quinta da Póvoa (FAUP), onde atualmente se localiza um parque de estacionamento que serve todo o pólo III da U.Porto. Imagens do projeto vencedor da nova ponte, em fase de concurso
O descampado entre as faculdade de Letras e Arquitetura, onde centenas de pessoas estacionam as viaturas diariamente, junto à antiga Quinta da Póvoa, é o ponto exato em que a nova linha do metro vem à superfície, antes de ser projetada em ponte até à Arrábida, em Gaia.
Também o parque de estacionamento público junto ao restaurante Madureiras, na Rua do Campo Alegre, desaparecerá e dará origem à futura estação subterrânea.
Fonte da Metro do Porto garante que tem mantido contactos com a U.Porto, mas que se trata, no entanto, “de algo ainda muito inicial e que não entra no detalhe relativamente a constrangimentos motivados por eventuais perdas de lugares ou parques de estacionamento”.
Questionada sobre se já dispõe de mapa, calendário e plano de trabalhos, que inclui os constrangimentos causados na via pública, a Metro do Porto nada avançou e garantiu ainda estar à espera da luz verde do Tribunal de Contas. Mas – sabe o Porto Canal – está em cima da mesa o corte parcial da Via Panorâmica, um dos principais acessos ao centro da cidade do Porto para quem vem de sul.
No início deste mês, o presidente da Metro, Tiago Braga, afirmou esperar poder consignar a obra da linha Rubi entre o final do ano e o início de 2024, de forma a poder dar início às obras.
O contrato para a construção da Linha Rubi do Metro do Porto foi assinado com consórcio Alberto Couto Alves (ACA), FCC Construcción e Contratas y Ventas em 03 de novembro por mais de 379,5 milhões de euros, seguindo-se o envio para o Tribunal de Contas para obtenção de visto e posterior consignação da empreitada.
Câmara do Porto acompanha com preocupação
Fonte da Câmara do Porto revelou “preocupação” com os previsíveis impactos da construção da nova linha Rubi. Em outubro, Rui Moreira garantiu que não autorizará novas frentes de obra assim que terminarem os trabalhos que ainda decorrem na cidade, relativos à linha rosa e ao Metrobus da Boavista. O Presidente da Câmara considerou então a situação do trânsito no Porto “catastrófica.”
Estas foram declarações feitas em reunião da Assembleia Municipal. Uns dias mais tarde, desta vez em reunião de executivo, o autarca concordou em atenuar a sua proposta para que a Metro não possa fazer uma nova ocupação em via pública sem que se reduza previamente a ocupação existe com obras. Em causa está a preocupação em não perder o financiamento do PRR.
Moreira chama presidente da Metro
A situação das obras em curso e os impactos no trânsito deverão voltar a levar Tiago Braga à Câmara do Porto. O encontro, pedido por Rui Moreira, está agendado para 15 de janeiro, na primeira reunião pública do executivo municipal em 2024. As preocupações da autarquia relativas às obras da futura linha Rubi também estarão em cima da mesa.