Cidadãos de Leça da Palmeira preocupados com novo terminal do porto de Leixões

Cidadãos de Leça da Palmeira preocupados com novo terminal do porto de Leixões
| Porto
Porto Canal/Agências

Um grupo de cidadãos de Leça da Palmeira, em Matosinhos, manifestou-se esta quinta-feira preocupado com a possível localização do futuro terminal de contentores de Leixões no molhe norte do porto, disse à Lusa um porta-voz.

"Eu fiz esse documento numa perspetiva de alertar a população residente em Leça da Palmeira, em particular, mas também a comunidade que pratica desportos náuticos aqui em Leça, na marina", disse à Lusa o porta-voz do grupo de cidadãos, António Soares.

O representante referia-se a uma carta que entregou às entidades competentes, nomeadamente a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), a Câmara de Matosinhos, e às forças políticas do concelho.

Em causa está a possível expansão do terminal de contentores do porto de Leixões, que estava planeada para o molhe sul da infraestrutura, mas que, com o abandono do terminal da Petrogal, poderá passar para norte, impactando sobre Leça da Palmeira e sobre a marina.

A Lusa questionou a APDL, que informou estar a "desenvolver o Plano Estratégico do porto de Leixões, prevendo-se a sua conclusão em meados de 2024", e "nesta altura de estudo e avaliação, todos os cenários estão a ser equacionados, sendo prematuro refutar ou confirmar qualquer um".

"A APDL reafirma o seu empenho em aperfeiçoar a capacidade do porto de Leixões para fazer face às exigências da economia da região Norte e do país", acrescenta a administração liderada por João Neves.

De acordo com António Soares, se a solução norte avançar, "toda a área onde está a marina, ali na frente de mar, até cerca de 800 metros para a frente, dá uma área de cerca de 20 hectares que vai ser ocupada com um parque de contentores de quatro ou cinco pisos".

"Isto é um prédio de cinco andares. Está a ver a enormidade de contentores ali estacionados na frente. O centro histórico de Leça vai ficar atrás de contentores. Vai haver desvalorização patrimonial, redução de turismo, há um impacto visual extremamente negativo em zonas protegidas", alertou.

Em causa estão zonas classificadas como o forte de Leça da Palmeira (imóvel de interesse público), e obras de autoria do arquiteto Álvaro Siza como a Piscina de Marés e a Casa de Chá da Boa Nova, monumentos nacionais.

Além dos impactos paisagísticos, o porta-voz alertou ainda que a existência da marina está em causa, uma infraestrutura que para desporto de recreio é "a única estrutura de acesso ao mar (...) desde a Galiza até Cascais".

"O porto de Leixões tem servido de abrigo para tráfego de iates internacional, que param aqui e podiam parar mais vezes, e tendo condições podem fundear na bacia de rotação, tem espaço e abriga muitas vezes embarcações", algo que poderia acabar com a construção do terminal de contentores no lado norte.

Além disso, António Soares alerta para as consequências para os clubes presentes na marina, como o Sport Club do Porto, Clube de Vela Atlântico e o Clube Naval de Leça, que poderão ser relocalizados, bem como para outros utilizadores independentes, com futuro incerto.

A utilização da marina adjacente ao terminal de cruzeiros a sul não é solução para António Soares, já que tem capacidade inferior e apenas para "barcos pequenos", rejeitando também terminais no rio Douro, apenas bons "para a [navegação] marítimo-turística", sem acesso direto ao mar.

O cidadão de Leça da Palmeira questiona ainda a necessidade de passar o terminal para norte, já que "o projeto que estava aprovado e cuja obra começou é perfeitamente suficiente, não tinham necessidade de vir para norte e acabar com a marina".

No entender de António Soares, um novo terminal a norte vai "só trazer poluição" e poderá beneficiar o concessionário atual Yilport, que detém a exclusividade da operação de contentores em Leixões, que fica "com um cais mais longo" e maiores possibilidades de manobra e redistribuição de carga para navios mais pequenos.

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