Depois da Pasteleira, criminalidade aumenta no Cerco e Lagarteiro
João Gomes
Os bairros do Cerco e Lagarteiro, no Porto, registaram um aumento da criminalidade nos últimos meses. De acordo com documentos a que o Porto Canal teve acesso, os indicadores de segurança relativos a detenções e doses de droga apreendidas cresceram desde o início do ano, à medida que os valores relativos à zona da Pasteleira diminuíram.
Os bairros do Cerco e Lagarteiro foram os que viram um maior aumento de criminalidade no primeiro semestre do ano - é o que provam documentos internos de segurança a que o Porto Canal teve acesso.
No primeiro mês de 2023, foram realizadas duas operações de prevenção criminal no bairro do Lagarteiro, promovidas por 17 agentes e das quais não resultaram quaisquer detenções ou doses de droga apreendidas. Os números de junho espelham uma realidade diferente: 17 operações de prevenção criminal, 566 polícias, 10 detenções e 680 doses de droga apreendidas.
Os valores no bairro do Cerco revelam um aumento ainda mais expressivo. O número de operações de prevenção nesta zona da cidade passou de quatro em janeiro para 16 em junho, um aumento que se refletiu também no número de agentes envolvidos: de 40 para 551. Das 33 doses de estupefacientes em janeiro, no mês de junho foram apreendidas um total de 69.188 doses, tendo também o número de detenções aumentado de duas pessoas para 36.
Fonte da PSP avançou ao Porto Canal que a polícia tem “acompanhando o fenómeno [da criminalidade] conforme ele se desloca” para novas geografias da cidade.
Forte presença policial dissuade criminalidade na Pasteleira
No final de abril, a Polícia de Segurança Pública levou a cabo uma megaoperação policial de combate ao tráfico de droga, no Porto, que resultou em mais em quinze detidos e teve o Bairro da Pasteleira, no Porto, como um dos principais visados. Face à escalada da criminalidade, Rui Moreira exigiu ao governo um reforço policial desta zona da cidade, reivindicação que foi atendida pelas autoridades com um aumento do efetivo.
De 1021 elementos policiais em janeiro deste ano, o bairro da Pasteleira passou para os 2777 em março, um aumento de 272%. Desde então, aquele que era o principal centro de tráfico de droga da cidade viu o comércio viajar para outros bairros do Porto, nas freguesias de Ramalde e Campanhã.
O decréscimo acentuado de detenções na Pasteleira (de 85 pessoas em abril passou para 11 em maio), bem como da apreensão de estupefacientes (que viu o número de doses reduzir de 76 mil em abril para 508 em maio), levou à necessidade de desviar a presença da polícia da Pasteleira para outras zonas de criminalidade da cidade.
O tema está no topo da atualidade da política local. Para esta segunda-feira, a Assembleia Municipal do Porto tem agendada uma sessão extraordinária, marcada a pedido do grupo municipal de Rui Moreira, com o objetivo de discutir “a segurança na cidade do Porto.”