Nova linha do Metro do Porto vai usar linha de Leixões
Henrique Ferreira
O projeto de expansão da rede do Metro do Porto apresentado esta sexta-feira em Gondomar prevê a utilização de parte da esteira da linha ferroviária de Leixões. Em causa está a construção da nova linha de São Mamede, que vai ligar o IPO ao Estádio do Mar, em Matosinhos. A informação foi avançada por Tiago Braga em entrevista exclusiva ao Porto Canal.
“Nós, na linha de São Mamede, vamos acabar por utilizar uma parte da esteira que liga o Hospital de São João à Senhora da Hora e, numa segunda variável, da Senhora da Hora até ao Centro de Matosinhos”, explica Tiago Braga, em entrevista ao Porto Canal.
Segundo documentos a que o Porto Canal teve acesso, a Metro do Porto prevê a utilização do canal ferroviário da linha de Leixões entre S. Mamede Infesta e Pedra Verde, ponto a partir do qual o projeto deriva para a Av. Xanana Gusmão, em Matosinhos.
O próprio Plano Ferroviário Nacional, ainda por aprovar, prevê que “a retoma do serviço de passageiros na Linha de Leixões deve ser considerada mesmo sem estar completa a criação das novas estações, dados os pólos geradores de procura que se encontram junto às estações já existentes”. Na edição de sexta-feira, o jornal Público atirou já para 2024 a data provável de reabertura pela CP deste troço.
A reativação da exploração comercial da também chamada Linha de Cintura do Porto (Linha de Leixões), que liga Contumil ao porto localizado na foz do rio Leça, é uma reivindicação antiga de utentes e especialistas em transportes. A linha foi inicialmente inaugurado em 1938 e electrificada em 1998, mas os serviços de passageiros foram encerrados em 1987. Com excepção de um curto período, compreendido entre 2010 e 2011, desde então, apenas serviços de mercadorias dão uso a esta ligação.
Um estudo da consultora Trenmo feito para a Área Metropolitana do Porto, vindo a público esta semana, considera que a linha de Leixões constitui uma “oportunidade de fecho das redes excecional”, com reativação estimada em 65,5 milhões de euros. “A linha ferroviária de Leixões constitui uma oportunidade de fecho das redes excecional, fruto das integrações que possibilita” com o Metro do Porto, pode ler-se na versão final do estudo da Trenmo para a AMP, de 2021.
A 28 de maio de 2021, o Conselho Metropolitano do Porto aprovou um acordo de colaboração entre a AMP, a IP e cinco municípios para a avaliação da implementação de uma solução ferroviária na Linha de Leixões.
Em 2020, um estudo da Trenmo feito para a Câmara de Matosinhos já demonstrava a viabilidade da reabertura da linha e as “inegáveis vantagens” na mobilidade municipal e metropolitana.
Segundo Tiago Braga, não está neste momento em cima da mesa a exploração comercial para passageiros da linha, em toda a sua extensão, pela Metro do Porto. O presidente do conselho de administração da empresa remete a decisão para a CP: “Nós não olhamos para os restantes operadores como concorrentes, olhamos como parceiros.”
“Trânsito é nosso grande inimigo”
“O congestionamento é o nosso grande inimigo”, constata Tiago Braga, que reforça a importância da expansão da rede de transportes públicos para alcançar as metas de descarbonização. “Não é possível continuar a ter uma área metropolitana em que se consome em média 70 minutos no transito”, afirma o presidente da Metro.
Tiago Braga lamenta ainda que este não seja um problema para todos. “Parece que nunca nos inquietamos com esta questão”.