Executivo do Porto vê manutenção do Stop como prioridade
Porto Canal/Agências
O executivo da Câmara do Porto foi esta segunda-feira unânime em concordar que o município deve assumir como prioridade a manutenção do centro comercial Stop como um "polo cultural", depois de na terça-feira terem sido encerradas 105 lojas.
A manutenção do centro comercial Stop como "um polo cultural" era uma das cinco recomendações que integrava a proposta apresentada esta segunda-feira pelo BE e a única que reuniu o consenso de todas as forças políticas.
À margem da reunião, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que, apesar da discordância quanto à forma como foram seladas as lojas, o empenho da autarquia em garantir o funcionamento do Stop é algo que "une todos" os partidos.
Rui Moreira reafirmou a disponibilidade em realojar os músicos na escola Pires de Lima, esclarecendo, no entanto, que uma parte das instalações será ocupada pela associação Norte Vida e que o ginásio acomodará os “periódicos” da Biblioteca Municipal.
"Há um espaço sobrante que pretendemos que de alguma maneira seja um espaço de 'coworking' para músicos, que pode funcionar em conjugação com o Stop e que será gerido pelos Amigos do Coliseu, mediante conversas que já foram tidas com o Miguel Guedes [presidente da associação]", referiu.
O autarca independente, que às 16h30 se reúne com a administração do condomínio do Stop, disse ainda que o Ministério da Cultura manifestou disponibilidade para declarar a utilidade pública do edifício.
Também aos jornalistas, a vereadora do PS Maria João Castro salientou que cabe ao município a defesa dos músicos, bem como do próprio edifício, ainda que reconhecendo que as condições do espaço "são preocupantes”.
"Há bastante tempo que sabemos que o Stop não tem condições de segurança no que respeita a incêndios e instalações elétricas, portanto, temos de assegurar que isso não aconteça", salientou, reafirmando que a atuação da Polícia Municipal "não foi a mais adequada", mas que “felizmente [a Câmara do Porto] voltou atrás” na decisão.
Também o vereador do BE, Sérgio Aires, afirmou que “ficou provado” que “não havia necessidade” da Polícia Municipal ter encerrado as lojas.
“Quando [Rui Moreira] alterou a sua posição demonstrou que era possível fazer as coisas de outra maneira”, defendeu, criticando que “não foram medidas as consequências” daquela ação e que os artistas e lojistas deveriam ser ressarcidos pelos custos que tiveram com a retirada dos equipamentos.
Pela CDU, o vereador Vitor Vieira destacou que "finalmente começa a abrir-se uma janela de diálogo" com os músicos, apesar da "falta de informação concreta" das razões que levaram ao encerramento das lojas.
"O que é que foi exatamente invocado para se fazer aquele espetáculo de encerramento? Foi a falta de licenciamento dos espaços, mas depois falava-se do risco de incêndio e depois do ruído. É um conjunto de informações que nos falta", observou.
Já o vereador do PSD Alberto Machado disse concordar com o encerramento levado a cabo pela Polícia Municipal, tendo em conta a falta de condições de segurança do edifício.
"A partir do momento em que há um relatório dos serviços e um parecer dos bombeiros a determinar nesse sentido, era o que tinha de ser feito", referiu, defendendo ser preciso agora acautelar o futuro dos músicos.
Disse ainda que, para o PSD, a escola Pires de Lima é uma alternativa "que faz sentido para manter o ecossistema cultural".
O encerramento na terça-feira de mais de uma centena de lojas do Stop levou os músicos e lojistas a convocarem uma manifestação para esta segunda-feira em frente à Câmara Municipal do Porto.
Pelas 19h30, os manifestantes deverão partir numa marcha até ao centro comercial Stop.