Consumo vigiado no Porto. Uma unidade móvel por pensar e a falta de respostas para quem usa ou deixa de usar drogas
Maria Abrantes
Os profissionais responsáveis pelo acompanhamento de situações de toxicodependência pedem mais respostas para o acompanhamento biopsicossocial dos utentes. Confrontados com o facto de não avançar, para já, uma unidade móvel de consumo na cidade do Porto, lamentam a faltam desse equipamento, mas garantem que não é a única necessidade.
A notícia já tinha sido avançada pelo Jornal Público, em finais de junho, relativamente à unidade móvel de consumo vigiado, que está, efetivamente, protocolada entre as partes que assinam o documento que dá início ao programa de consumo vigiado do porto.
No final do primeiro ano de vigência da sala de consumo – assinalado em agosto próximo -, além do lançamento de concurso para a mesma, seria expectável que fosse então preparada a dita unidade móvel. Mas, a dois meses de perfazer um ano, nem uma nem outra solução estão à vista.
Ainda que considerada como uma resposta necessária, para Jorge Rocha, dirigente da ARRIMO, cujas equipas de rua acompanham de perto a realidade no Porto oriental, a unidade móvel não configura uma prioridade.
Jorge Rocha reforça a ideia de que são necessárias respostas que, além da redução de riscos e da minimização de danos, tragam perspetivas de futuro e uma vida, tanto à população que usa drogas, como à população que consegue terminar o protocolo de tratamento.
De acordo com este profissional, além de não existir organização entre as instituições responsáveis – SICAD, ARS e CRI -, as respostas existentes acabam, quando acaba o tratamento, sendo necessário investir em habitação, coordenação com o Instituto de Formação Profissional, entre outras valências.
A ação musculada da PSP na zona da Pasteleira, necessária na opinião de Jorge Rocha, não deixou de trazer outras consequências para a cidade, como o movimento pendular de utilizadores de droga para outras zonas, nomeadamente para Ramalde, mas, sobretudo, para o Porto oriental.
O fenómeno de migração desta população fez com que muito do trabalho de acompanhamento, realizado pela sala de consumo vigiado, se tenha perdido.
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