Comboio Porto-Vigo opera há dez anos e está cada vez mais lento
Joana Almeida Carvalho
Foi a dois de julho de 2013 que nasceu uma nova ligação entre o Porto e a região da Galiza. Nesse dia nascia o Comboio Celta que agora completa já dez anos.
Ao fim deste período de tempo houve alterações nos horários e nos preços, mas o mais curioso é a duração da viagem que, passados dez anos, é agora maior. Em 2013, a viagem entre Porto e Vigo, as duas cidades que ficavam a partir de então ligadas por este comboio, passou a ser feita em duas horas e 15 minutos, sem qualquer paragem. Verificava-se uma redução do tempo, já que antes do Celta, a viagem entre as duas cidades era de duas horas e 54 minutos.
Em 2014, o comboio passou a efetuar paragens a meio da viagem. As chamadas paragens intermédias que seriam em Nine, no concelho de Vila Nova de Famalicão, Viana do Castelo e Valença. No entanto, apesar desta alteração, o tempo da viagem, segundo o jornal ECO, manteve-se nas duas horas e 15 minutos. O jornal acrescenta também que a viagem começa em Campanhã devido a uma alegada falta de espaço na estação de São Bento, no Porto.
Nos dias de hoje, o comboio realiza duas viagens por dia e por sentido, e demora duas horas e 22 minutos entre as duas cidades, Porto e Vigo.
Do Porto, os comboios partem de Campanhã às 8h13 e 19h10. Em sentido inverso partem de Vigo-Guíxar às 8h58 e 19h56, hora espanhola.
Viagens no Comboio Celta com maior procura
Já quanto ao preço, este sofreu alterações ao longo dos anos. Em 2021, os preços centravam-se nos 5,25 euros, enquanto que atualmente o preço mais baixo é de 6,75 euros. Os bilhetes só podem ser adquiridos no site da Renfe, mas, segundo o ECO, a Comboios de Portugal garante que esta questão vai mudar, já que fonte da empresa referiu que “está a ser desenvolvida um novo site e uma nova aplicação móvel, que permitirá comprar o ingresso diretamente no portal da CP”.
De referir também que 2022 foi o melhor ano para o comboio Celta, uma vez que viajaram nele 116.100 passageiros, o que representa um aumento de 400% em comparação com o número de passageiros que viajavam em 2013. O jornal explica que, no último ano, houve, em média, perto de 80 passageiros por cada um dos quatro comboios entre Porto e Vigo.
Já em 2016 tinha sido atingido um recorde histórico, tendo os passageiros transportados ultrapassado os 80.000. Na altura, o presidente da câmara de Viana de Castelo mostrou-se satisfeito e atribuiu o sucesso dos números à modernização da Linha do Minho: “Isto dá ânimo àqueles que lutaram pela modernização da linha que esteve para encerrar. Estes números do Celta são a demonstração de que a modernização da Linha do Minho fazia todo o sentido e bastaram algumas pequenas melhorias no serviço e nos horários, para que nestes anos houvesse um aumento tão significativo no tráfego de passageiros”.
Apesar deste aumento do número de passageiros, o comboio Celta vive sob a ameaça da espanhola Renfe querer romper a parceria com a CP e começar a operar comboios em Portugal sozinha.
Setembro de 2016. Acidente mortal no comboio Celta
No dia nove de setembro de 2016 o comboio Celta sofreu um acidente mortal ao descarrilar na estação de Porriño, um concelho da província de Pontevedra, pelas 09h25, cerca de 20 minutos depois de sair de Vigo.
A informação oficial é que no comboio seguiam o revisor, o maquinista e 63 passageiros, sendo que quatro pessoas perderam a vida, entre eles o maquinista, de 45 anos, que era português. As outras vítimas foram um funcionário da Renfe, um jovem galego de 23 anos, que estudava para ser maquinista, e um turista norte-americano.
Do acidente resultaram ainda 48 feridos.
Portugal tenta acordo com Espanha para comboio elétrico
Em 2022, Portugal tinha a intenção de chegar a um acordo com o país vizinho para que o comboio Celta circulasse debaixo de diferentes tensões elétricas. Entre Porto e Valença, a catenária funcionava a 25 mil volts, enquanto que do lado espanhol, até Vigo, a tensão era de 3 mil volts.
Isto porque, apesar da eletrificação da Linha do Minho já estar concluída em 2021, a ligação internacional Celta continuava a ser feita por comboios a diesel, devido a estas diferenças de tensão.
Na altura existiam duas alternativas. No curto prazo, a Renfe pode utilizar a locomotiva elétrica da série 252, compatível com as diferentes tensões na rede ferroviária ibérica, já que no longo prazo, a Espanha adotaria a tensão de 25 mil volts entre a fronteira e Vigo, seguindo os padrões europeus. A explicação foi dada na altura pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos que estava ainda em funções.