Associação de Famalicão quer construir nova casa para sem-abrigo e famílias carenciadas
Porto Canal
A Associação “Dar as Mãos” vai construir em Famalicão, na freguesia de Calendário, quatro edifícios que vão servir de alojamento temporário para pessoas em situação de sem-abrigo e famílias carenciadas.
As instalações, numa área total de quatro mil metros quadrados, contam com quartos para receber 32 pessoas, bem como quatro habitações familiares.
O “dar e receber” é a metodologia que move esta organização que há quase 30 anos se dedica à vertente social no Município. Em declarações ao Porto Canal, o Vice-presidente da Dar as Mãos justifica o desenvolvimento do projeto com a necessidade de reforçar as condições e a ajuda para as pessoas em situações de carência: “é preciso fazer mais”, ressalva José Luís Bacelar, no auge dos seus 80 anos de idade.
O arquiteto responsável pelo projeto acrescenta que com “A Casa” o concelho vai ganhar “uma nova centralidade”, uma vez que vão ser encaminhados para as habitações todas as pessoas que precisem de ajuda, sejam ou não residentes em Famalicão.
Em relação aos edifícios, Francisco Ferreira adianta que o objetivo é que pareçam “casas tradicionais”, visto que o terreno em que serão construídas encontra-se numa área entre a zona rural e a urbanística.
Para além dos dormitórios, gabinetes de apoio, refeitório e cantina, está projetado a criação de um “edifício de logística, onde teremos lavandaria e zonas de frio”, onde serão alojadas “todas as doações de comida oferecidas por instituições e supermercados”, explica o profissional.
O espaço também vai albergar zonas para a realização de oficinas de carpintaria, serralharia, costura e agricultura, de forma a promover a ocupação e reintegração das pessoas na vida ativa.
Em março deste ano, o assunto foi levado à reunião de Câmara tendo sido aprovado, finalizando assim o processo de discussão pública.
O projeto “A Casa”, orçamentado em 2.5 milhões de euros está agora a aguardar pela cedência do terreno por parte da Câmara Municipal de Famalicão para formalizar a candidatura ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Nós temos todos os pareceres das entidades favoráveis, mas a candidatura para ser aceite de uma forma definitiva é imperativo que tenhamos em posse o terreno”, reforça o arquiteto, que está esperançoso que a situação se resolva dentro em breve para “dar início à obra ainda este ano, até porque os prazos do PRR são curtos”.
Neste momento, a Dar as Mãos abriga 14 pessoas em situação de sem-abrigo, no edifício situado na Avenida Marchal Humberto Delgado, no coração de Famalicão, que vai continuar em funcionamento com o início da "Casa". Diariamente, a instituição oferece duas refeições por dia na cantina, exceto sábados e domingos, assegurando cerca de 70 refeições diárias. Além demais, também distribui cabazes alimentares e roupas e faculta um balneário social, para quem necessite.