TAP. BE alerta para “erro que seria privatizar” a companhia aérea
Porto Canal/Agências
A coordenadora do BE alertou esta quinta-feira para “o erro que seria privatizar a TAP”, após uma reunião com um movimento de personalidades que se opõe à venda da companhia aérea, comprometendo-se a chamá-lo à comissão de inquérito.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, Mariana Mortágua referiu que foi abordado na reunião com representantes daquele movimento - que subscreveu uma petição contra a privatização da TAP e agrega personalidades como o cineasta António-Pedro Vasconcelos, a embaixadora Ana Gomes ou o ex-coordenador bloquista Francisco Louçã - “o crime que significava essa privatização”, em particular devido a “três fatores importantes”.
“Em primeiro lugar, a TAP nunca ficou com um cêntimo dos contribuintes até à pandemia. A ideia de que a TAP é um sorvedouro de dinheiro é falsa: a TAP não teve qualquer investimento do Estado em todos os anos que foi pública até ao momento da pandemia”, sublinhou Mariana Mortágua.
Em segundo lugar, disse Mariana Mortágua, o movimento advertiu que privatizar a TAP atualmente seria “um erro”, uma vez que a companhia aérea “está a dar lucros, está a recuperar e está a recuperar porque teve um apoio do Estado importante”.
“Esses resultados não devem reverter para um privado que pode pôr em causa o ‘hub’”, sublinhou.
Por último, a coordenadora do BE destacou a “importância estratégica da TAP”, que não se prende “apenas com o aeroporto e o ‘hub’”, mas também com o facto de a companhia aérea pagar Segurança Social e impostos em Portugal, e fazer compras e servir fornecedores no país.
“Não tenham nenhuma dúvida que isso não acontece com a Ryanair, com a easyJet: os números estão cá para o demonstrar”, disse.
A coordenadora do BE salientou assim que “essa é a importância estratégica da TAP, que é proporcional ao erro que seria privatizá-la, ainda para mais nestas circunstâncias em que o seu valor pode estar fragilizado”.
“Foi esse o compromisso que assumimos: de sindicância, de transparência, de vigilância sobre o Governo e também dar voz às preocupações deste movimento”, disse.
Em declarações aos jornalistas após a reunião, o cineasta António-Pedro Vasconcelos, em representação do movimento, sublinhou que é necessário “travar o processo” de privatização da TAP.
“Nós consideramos que a TAP é uma empresa absolutamente fundamental para Portugal e não só por razões sentimentais nem patrióticas: é por razões económicas, de soberania, nós já perdemos todas as nossas empresas estratégicas. (…) Resta-nos a TAP”, disse.
O cineasta disse que o movimento já pediu reuniões com o Presidente da República, o primeiro-ministro e partidos com assento parlamentar, e manifestou esperança que de vir a ser chamado para ser ouvido na comissão de inquérito à TAP.
“Recomenda o bom senso que se trave este processo, que seja discutido a sério. (…) Será um crime se se deixar que, à pressa e com um grande secretismo, se possa vir a imaginar sequer que esse processo se concretiza sem o escrutínio sério da sociedade, dos cidadãos, dos partidos, do parlamento”, disse.
Questionada se o BE vai apresentar um requerimento para ouvir este movimento na comissão de inquérito à TAP, Mariana Mortágua respondeu que, na reunião desta quinta-feira, assumiu esse compromisso.