TAP. Alexandra Reis teria renunciado sem contrapartida se Governo quisesse
Porto Canal / Agências
Alexandra Reis disse, esta quarta-feira, que teria renunciado aos cargos na TAP, sem contrapartida, se o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ou o ex-secretário de Estado, Hugo Mendes, lhe tivessem dito que preferiam que renunciasse.
“Se na altura o senhor ministro, ou o senhor secretário de Estado me tivessem dito que preferiam que eu renunciasse, eu teria renunciado, sem contrapartida”, afirmou a ex-administradora da TAP, em resposta ao deputado socialista Hugo Costa, na comissão de inquérito à companhia aérea.
A também ex-secretária de Estado disse que sentiu sentido de urgência por parte da presidente executiva, Christine Oumières-Widener, relativamente à sua saída, admitindo que, na altura, fez uma “leitura totalmente pessoal” para aquela urgência: “porque ia haver eleições e ela não sabia qual era o resultado das eleições”.
Alexandra Reis disse ainda que foram contratados novos quadros para a companhia aérea, com melhores condições, que “não escondiam” proximidade à presidente executiva.
Questionada sobre as nacionalidades, Alexandra Reis respondeu que eram franceses.
“Alguns diretores para algumas áreas eram relativamente transparentes no tipo de relação que tinham com a CEO. […] Penso que era franceses”, afirmou.
Já questionada sobre se a razão para Oumières-Widener querer que deixasse a TAP se prendia com a rejeição de uma proposta comercial apresentada à TAP por uma empresa do marido da CEO, Alexandra Reis disse não ter “nenhuma evidência disso” e que o assunto nunca foi discutido com a presidente executiva.
Alexandra Reis protagoniza a polémica que estalou no Natal, quando era secretária de Estado de Tesouro e o Correio da Manhã noticiou que tinha recebido uma indemnização de meio milhão de euros para sair da TAP, onde era administradora, dois anos antes do previsto.
Depois de deixar a companhia aérea, em fevereiro de 2022, a ex-governante assumiu a presidência do Conselho de Administração da NAV Portugal – Navegação Aérea, antes de ser nomeada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, para secretária de Estado.
De acordo com a presidente executiva da companhia aérea, Christine Oumières-Widener, que foi ouvida na comissão de inquérito na terça-feira, a iniciativa para a saída de Alexandra Reis partiu da TAP, por desalinhamento de opiniões para a execução do plano de reestruturação da empresa.
Na sequência das conclusões da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), o Governo ordenou a restituição de grande parte do valor da indemnização, que Alexandra Reis disse devolver por vontade própria, embora discorde do entendimento da IGF, de que houve falhas graves no processo.