Marcelo reafirma importância de aplicar o questionário aos atuais governantes
Porto Canal
“Aplicava-se necessariamente a todos”, diz o presidente da República sobre o questionário a governantes. Marcelo realça ainda a necessidade de o Governo “continuar o diálogo e a aproximação com os professores”.
Sobre as dúvidas sobre se o questionário para governantes se aplica ou não aos atuais detentores de cargos, Marcelo é categórico: “para mim, a resposta era muito simples, aplicava-se necessariamente a todos”, afirmou o presidente da República (PR) em respostas acerca do caso que envolve João Gomes Cravinho.
O ex-ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros foi informado em março de 2020 de que o custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém estava a derrapar, noticia esta sexta-feira o jornal Expresso.
Contudo, o governante tem dito que desconhecia a derrapagem de mais de dois milhões de euros, mas, segundo o jornal, que cita um ofício de março de 2020, com as obras já a decorrer, o diretor-geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) — hoje arguido por corrupção e branqueamento na Operação Tempestade Perfeita —, informou o ministro sobre “trabalhos adicionais” que já somavam quase um milhão de euros extra.
Sobre os arguidos constituídos pelo Ministério Público sobre o processo que motivou buscas na Câmara Municipal de Lisboa, o presidente da República reiterou a necessidade de aplicar o questionário a atuais governantes.
“É importante o esclarecimento relativamente a factos do passado e a um governante que já estava em funções antes de haver o questionário. Não se pode pegar na ideia de que o questionário, a partir deste momento é que importa esclarecer as matérias, para quem entrar a seguir a haver questionário, para quem já estava em funções antes do questionário não importa esclarecer. Não! Importa esclarecer para todos os que estejam em funções”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Três sociedades e os respetivos representantes legais foram, esta sexta-feira, constituídos arguidos no processo que motivou a realização de buscas na Câmara Municipal de Lisboa no início da semana, disse à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Na sequência das buscas, foi, hoje, validada pelo Ministério Público a constituição de seis arguidos, três sociedades e os respetivos representantes legais”, indicou a PGR, sem acrescentar mais nenhuma informação.
Greve dos professores
Caso as greves se mantenham até “perto do Carnaval”, diz Marcelo que “estamos perante um custo para um ano letivo que é enorme e já é o terceiro ano letivo já com problemas e que marca naturalmente a qualidade do nosso ensino”.
“O governo mostrou, pelo menos agora, mostrou de forma escrita que está disposto a negociar”, disse o presidente da República. Marcelo destaca que o problema da recuperação do tempo perdido nas carreiras é “o grande problema”, mostrando que será um dos pontos onde pode ser mais complicado chegar a consenso. Contudo, diz que os outros pontos de reclamação são “legítimos, onde o Governo já cedeu alguma coisa”, deixando uma mensagem ao executivo no sentido de “continuar o diálogo e a aproximação com os professores”.
Os professores estão a cumprir uma greve por distritos, ao longo de 18 dias. Exigem melhores condições de trabalho e salariais, o fim da precariedade, a progressão mais rápida na carreira, e protestam contra propostas do Governo para a revisão do regime de recrutamento e colocação, que está a ser negociada com os sindicatos do setor.