Fernando Medina diz que não tem “conhecimento de nenhuma investigação em curso”, mas solicitou à PGR para ser ouvido
Porto Canal
Fernando Medina falou esta quinta-feira aos jornalistas sobre as buscas na Câmara Municipal de Lisboa por suspeitas de corrupção, na época em que Medina era presidente.
“Não tenho nenhum conhecimento de nenhuma investigação em curso, nunca fui ouvido, nunca fui chamado a prestar qualquer esclarecimento em nenhum processo de natureza judicial, dos vários que têm muitas vezes vindo a público e em especial aquele que agora é noticiado. Desconheço em absoluto”, começou por dizer Fernando Medina.
O atual ministro das Finanças revelou que pediu à Procuradora Geral da República para “ser ouvido no processo que existe, de forma a poder expressar todos os esclarecimentos que o ministério público entenda necessários”, afirmou.
Fernando Medina continuou por revelar aquilo que sabe: “o que sei foi aquilo que ficou determinado, foi a contratação e a montagem para funcionar. Essa equipa cumpriu o seu mandato e não posso dizer mais nada sobre isso”, respondeu Medina aos jornalistas.
Sobre a escolha de Joaquim Mourão, o atual ministro das finanças assume responsabilidades. “A decisão relativamente ao nome da coordenação para a equipa de projeto foi minha, não é dos serviços. O projeto tramita nos serviços”, disse. Medina lembrou que “a contratação foi feita por ajuste direto”, recuando a esclarecimentos dados em 2018.
Medina garante que tem “consciência tranquila” e condições para se manter no cargo. “A minha consciência é de quem tem mais de duas décadas de serviço público, que tomei dezenas de milhares de decisões em defesa do interesse público, sempre com a plena consciência que estava a fazer na defesa do interesse público, da sua correção, da sua legalidade e da integridade que sempre pus no exercício da vida pública”, frisou Medina.
“Não me fragiliza”, diz Medina sobre as notícias da investigação na Câmara de Lisboa, acrescentando que “os atos não foram investigados, não foram ouvidas as pessoas”.
A Polícia Judiciária (PJ) fez, esta terça-feira, buscas na Câmara de Lisboa por suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e falsificação, numa nomeação para prestação de serviços assinada em 2015 por Fernando Medina, o atual ministro das Finanças, que na altura dos factos que estão em investigação era presidente da autarquia.
Em causa está a contratação da empresa de Joaquim Morão, histórico socialista e ex-autarca de Castelo Branco e de Idanha a Nova, para a gestão das obras públicas da capital, que será um dos suspeitos, juntamente com o amigo e empresário António Realinho.
O Ministério Público crê que o propósito do esquema visou a angariação de dinheiro em obras públicas, com subornos de empreiteiros, para o financiamento ilícito do PS, através dos chamados sacos azuis.
As autoridades investigam suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e falsificação, sendo o período em análise é entre 2015 e 2016.