Um padre da Madeira está acusado de cinco crimes de índole sexual. A vítima é um menino que foi abusado pelo sacerdote, que acabou por ser expulso da igreja católica e está nesta altura em parte incerta. 

O Ministério Público (MP) do Funchal não conseguiu notificar, nem sequer localizar o padre Anastácio Alves, agora com 58 anos, e por isso não foi ouvido como arguido no processo em que está formalmente acusado de quatro crimes de abuso sexual de crianças e um crime de atos sexuais com adolescentes. A última morada conhecida do padre dava conta que vivia numa localidade nos arredores de Paris, em França, onde exerceu funções durante vários anos.

A acusação do Ministério Público, a que o Porto Canal teve acesso em exclusivo, foi deduzida em março de 2022, ou seja, a investigação titulada pelo MP demorou perto quatro anos até ficar concluída.

No documento, a procuradora descreve os abusos que foram alegadamente cometidos pelo padre relativamente a um menino de 13 anos, afirmando que tinha plena consciência dos crimes que estava a praticar, sabia que perturbava e causava desconforto à vítima e que estava a ofender os mais elementares princípios da moral sexual e decoro com uma criança que não tinha maturidade para negar ao ataques sexuais do padre Anastácio Alves, expulso da igreja católica em junho de 2021.

Três anos depois da queixa ter sido apresentada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, com a Polícia Judiciária a iniciar de imediato as diligências de investigação ouvindo a vítima acerca dos abusos por parte do padre, em 2015, quando frequentava a casa da avó da criança e aproveitou vários momentos em que estava a sós com o menino para abusar sexualmente da vítima. 

A criança foi sujeita a perícias médico-legais, que confirmam os abusos, e foi ouvido para memória futura, por isso não terá de voltar a tribunal para prestar declarações. Já em 2018, a Dicoese do Funchal afastou o então padre da ação pastoral, depois de tomar conhecimento da suspeita de abuso sexual, uma medida cautelar que foi definida pelo bispo D. António Carrilho e que levou à abertura de um processo eclesiástico, que culminou na expulsão da igreja católica.