“Fi-lo por dinheiro”. Namorado de Vice-Presidente do Parlamento Europeu admite envolvimento no Qatargate
Porto Canal
Francesco Giorgi, namorado de Eva Kaili,recentemente destituída do cargo de Vice-Presidente do Parlamento Europeu, confessou ser uma peça fundamental no esquema de corrupção que envolvia Parlamento Europeu e Qatar.
Tendo trabalhado como assistente parlamentar, em Bruxelas, Giorgi acusou o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, um dos detidos, de ser o 'cérebro' do esquema, após terem sido encontrados 600 mil euros em sua casa, afirmando que fez o que fez por dinheiro, “e não porque preciso”.
Na residência onde vive Giorgi, em conjunto com a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, e com a filha do casal, de 22 meses de idade, foram encontrados pela polícia belga 150 mil euros. O italiano nega, no entanto, que a companheira, também ela uma das detidas, tenha tido qualquer envolvimento.
Recorde-se que após a detenção de Eva Kaili, o seu representante legal defendeu a sua inocência, alegando que não teria conhecimento do dinheiro encontrado em sua casa.
Nesta quinta-feira, a Procuradoria Europeia requereu o levantamento da imunidade parlamentar de duas eurodeputadas gregas, uma delas Eva Kaili. Este pedido baseia-se numa investigação, separada da do Qatar, levada a cabo pelo Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) sobre a utilização de subsídios parlamentares e, em particular, a remuneração dos assistentes, refere a instituição num breve comunicado.
Esta alegada fraude está relacionada com a gestão dos subsídios parlamentares e, em particular, com a remuneração dos seus assistentes ou assessores acreditados, embora a instituição europeia sublinhe que ambas as deputados “têm direito à presunção de inocência”.
A Procuradoria Europeia, organismo independente da União Europeia, responsável por investigar, instaurar ações penais e levar a julgamento os autores de infrações lesivas dos interesses financeiros da UE, não faz referência neste caso ao do escândalo de alegada corrupção ligada ao Qatar, pelo qual Kaili está detida.
O eventual levantamento da imunidade desta ex-vice-presidente do Parlamento Europeu para este caso não se estenderia ao processo judicial em curso relacionado com o Qatar, em que está acusada de participação numa organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção.
A menos que sejam apanhados em flagrante delito, o que aconteceu no chamado ‘Qatargate’, as autoridades judiciárias têm de pedir ao Parlamento Europeu que levante a imunidade de um eurodeputado para avançar com um processo judicial que os envolva, um processo que pode demorar meses.
Os eurodeputados têm o poder de escolher o seu pessoal e, em 2022, o montante máximo disponível para todos os custos associados a esta prestação de serviços é de 26.734 euros por mês por deputado.