Localização do novo aeroporto de Lisboa condiciona última fase da linha de alta velocidade
Porto Canal
A última fase da linha de alta velocidade Porto-Lisboa depende da localização do futuro aeroporto na capital. O diagnóstico foi deixado pelo presidente da Infraestruturas de Portugal, Miguel Cruz, durante um debate no congresso da associação de transportes Adfersit, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian.
A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases: Porto-Soure (entre 2024 e 2028); Soure-Carregado (entre 2026 e 2030); Carregado-Lisboa (depois de 2030).
Esta linha estará totalmente integrada com o novo aeroporto que irá reforçar a capital e com o resto da rede ferroviária nacional, de acordo com Carlos Fernandes, do Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal (IP), aquando da cerimónia de apresentação do projeto a 28 de setembro.
Assim, “a terceira fase da alta velocidade Lisboa-Porto depende da localização do novo aeroporto. É preciso admitir que o tema depois possa ser acertado”, refere Miguel Cruz.
A posição do líder da IP surge de um cenário deixado pelo Plano Ferroviário Nacional, que sugere que a chegada do comboio de alta velocidade a Lisboa possa ser feita pela margem esquerda ou direita do rio Tejo conforme a localização do aeroporto.
Na apresentação do projeto, no final de setembro, tinha sido indicado que o último troço seria entre Carregado e Lisboa.
Mudança de paradigma entra nos carris
Tal como o ministro das Infraestruturas lembrou na apresentação da linha de alta velocidade, a ferrovia foi o parente pobre das últimas décadas face à prioridade dada à rodovia. Sete anos após ter chegado ao Governo, António Costa assegura agora que a mudança de paradigma na mobilidade “entrou nos carris”.
Um investimento que reúne consenso, dada a sua importância para o contexto nacional.
“O grande fracasso de 50 anos de liberdade na área das infraestruturas foi a ferrovia. Perdeu rede e a que existe está obsoleta“, defendeu o presidente executivo da Mota-Engil, Gonçalo Moura Martins, durante um debate no congresso da associação de transportes Adfersit.
“Temos de fazer uma catarse muito rápida porque o comboio é o transporte por definição para curta e média distância”, reforçou o líder da construtora.
O responsável apelou ainda a mais planeamento na área das infraestruturas para que “a alocação de recursos seja mais eficiente”.
Neste sentido, ainda há muito caminho a traçar para o avanço do projeto. Ainda assim, é inegável que a criação de uma Linha de Alta Velocidade, ligando as Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, constituirá um impulso muito significativo para o reforço da capacidade e da qualidade da Rede Ferroviária Nacional, promovendo a coesão territorial e a sustentabilidade ambiental do sistema de transportes.