Centro Comercial Stop poderá fechar em breve. Músicos esperam apoio da Câmara do Porto
Porto Canal
O Centro comercial Stop, na Rua do Heroísmo, no Porto, poderá encerrar portas em breve por questões de segurança. Neste momento não existem saídas de emergência nem sistemas de deteção de incêndio.
Quem passar na rua pelo Centro Comercial Stop pode pensar que é um espaço abandonado mas, na verdade, de abandonado não tem nada. Lá dentro estão cerca de 500 músicos que tornam o espaço cheio e rico.
Já pelos corredores do Centro Comercial Stop consegue-se ouvir a música que chega baixinho das diferentes salas. João Martins utiliza o Centro Comercial Stop há cerca de 13 anos. Para o músico, ensaiar noutro espaço não é atualmente uma opção e não quer que seja no futuro. “Para mim, e para muitas pessoas, ou é isto ou não sei, porque isto é a nossa vida”.
Como o João existem centenas de artistas que utilizam as antigas lojas do centro comercial como salas de ensaios ou estúdios de gravação. Ao Porto Canal, outro músico disse que o encerramento do edifício seria “trágico” para a vida noturna e para a vida cultural. “Não sei se as pessoas querem ter uma cidade que seja um deserto cultural ou não. Se as pessoas querem ter uma cidade que seja, onde andam na rua e têm latas de sardinhas com as datas de nascimento delas, ou querem uma cidade que seja viva”, acrescenta que “sem muito trabalho, ninguém dá concertos”.
Outro grupo que utiliza o Centro Comercial Stop para ensaiar, é a Associação Batocada Radical, que chega a ter cerca de 100 membros. Esta Associação foi criada para ajudar pessoas em situações críticas ou desfavorecidas.
A Presidente da Batocada Radical, Helena Fernandes, explica que o Centro Comercial Stop foi o único lugar que aceitou o grupo que se dedica à divulgação da música e da cultura brasileira em Portugal, utilizando instrumentos de percussão.
O Centro Comercial Stop precisa de uma intervenção por questões de segurança. De acordo com a Câmara do Porto, o espaço tem problemas estruturais, que "comprometem a segurança do edifício e de quem o frequenta".
A autarquia deu assim até ao dia 6 de novembro para a apresentação de um projeto de especialidades no processo de licenciamento, tendo em vista a resolução desses mesmos problemas. De acordo com a Associação dos Músicos do Stop, esse plano já existe, mas o problema é que não há verbas para o colocar em prática, uma vez que o espaço é privado e, por isso, os músicos não recebem apoios.
Para estes artistas a única ajuda agora é a da Câmara do Porto, e a maioria acredita mesmo que esse apoio vai chegar: “A única entidade que nos pode salvar aqui é a Câmara do Porto que decide se fecha isto ou se não fecha. A Câmara do Porto pode intervir aqui e tem mecanismos que pode usar neste local”.
No final, ficou novamente o apelo de João Martins: “Estamos por tudo, só não queremos que fechem isto, por amor de Deus”.