Rússia ataca hospital psiquiátrico onde estavam mais de 300 pessoas
Porto Canal com Lusa
As autoridades da cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, denunciaram um novo ataque contra um estabelecimento de saúde, desta vez um hospital psiquiátrico, onde estavam doentes e funcionários, disse hoje o porta-voz da Organização Mundial da Saúde
"Trata-se de outro ataque à saúde na Ucrânia", referiu Tarik Jasarevic, numa comunicação feita através de videoconferência a partir de Lviv, no oeste da Ucrânia.
O porta-voz da Organização Mundial de Saúde indicou que no local estavam mais de 300 pessoas, das quais 50 não podiam mover-se.
"Condenamos todos os ataques a instalações de saúde, a profissionais de saúde ou a doentes, [já que] constituem uma violação flagrante do direito internacional humanitário, privando as pessoas de cuidados médicos e pondo em risco a vida de pacientes e trabalhadores", afirmou.
"As instalações de saúde, além de serem locais onde as pessoas recebem cuidados de saúde, devem ser também locais onde as pessoas se sentem seguras", defendeu o responsável.
De acordo com uma primeira avaliação dos serviços de emergência de Kharkiv -- perto de Oskil, onde se situava o hospital -- o número de pessoas no hospital chegava a 330, incluindo 10 em cadeiras de rodas e 50 sem mobilidade ou com mobilidade muito reduzida, sendo que uma parte das instalações atacadas era dedicada a pessoas com deficiência.
O bombardeamento não fez, até agora, vítimas mortais, mas destruiu o segundo e terceiro andares do edifício", referiram os serviços de emergência.
A OMS contabilizou 26 ataques a instalações de saúde na Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país, há 16 dias.
Ataques que, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos são "atos chocantes", que, se se provar terem sido cometidos de forma indiscriminada, podem ser considerados crimes de guerra.
O ataque ao hospital psiquiátrico aconteceu poucos dias depois de um centro hospitalar da cidade de Mariupol, onde funcionava uma unidade pediátrica e uma maternidade, ter sido bombardeado, matando três pessoas e deixando outras 17 gravemente feridas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, disse na quinta-feira - sem fornecer provas - que o hospital de Mariupol estava a ser usado como base por combatentes radicais, mas hoje a agência da ONU para os Direitos Humanos confirmou que o local continuava a ser um hospital operacional.
De acordo com a porta-voz desta agência da ONU, Liz Throssell, o hospital estava em pleno funcionamento quando foi atacado.
Por outro lado, Tarik Jasarevic também avançou que a OMS enviou cinco toneladas de material médico para Kiev e várias toneladas para cidades do leste da Ucrânia, onde as hostilidades são mais intensas, estando a aguardar a confirmação da chegada e distribuição dessa ajuda.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.