Faltava dinâmica empresarial para trabalhar com os políticos da CPLP - Salimo Abdula
Porto Canal / Agências
Lisboa, 05 jun (Lusa) - O presidente da Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) considerou hoje, em entrevista à Lusa, que "faltava uma dinâmica empresarial para trabalhar com a parte política para afinar a estratégia da CPLP".
"Tenho encontrado junto do poder político e dos Presidentes da República dos países lusófonos que visitei grande recetividade a esta mensagem do setor privado, porque o que estava a faltar à CPLP era dinâmica empresarial e voluntariedade e disponibilidade para trabalhar com a parte política para afinar a estratégia da CPLP", disse Salimo Abdula, em entrevista à Lusa, em Lisboa, na semana em que se comemoram os dez anos da confederação empresarial.
A confederação, vincou, "quer assumir a responsabilidade de ser o quarto pilar [da CPLP], trazendo aquilo que são os interesses do empresariado, e contribuir para uma CPLP mais forte e dinâmica baseada na questão económica e empresarial", vincou o responsável, considerando que a emergência da componente económica "é um movimento imparável" e que trouxe grandes expectativas.
As "relações fortes" no âmbito económico e de negócios são essenciais para "assegurar e sustentar as economias", fazendo deste conjunto de oito países que falam a mesma língua um organismo "forte a nível a nível global, com todo o manancial de recursos que existe".
Se há quem tenha grandes recursos naturais na área energética, como Angola, Brasil ou Moçambique, os que têm uma produção muito limitada no setor do Oil & Gas, como Portugal, também têm um contributo significativo a dar.
"Portugal tem uma economia de mercado e a sua inserção económica e empresarial na União Europeia é muito importante, deve ser bem aproveitada", não só a nível de configurar uma porta de entrada para o mercado europeu, mas também nos recursos humanos, onde o que falta num país pode sobrar no outro, salienta o empresário moçambicano.
Questionado sobre os três passos mais importantes que deviam ser dados para potenciar os negócios em português, Salimo Abdula não teve dúvidas em apontar a livre circulação como o mais significativo.
"O primeiro é remover as barreiras para haver livre circulação de pessoas e bens na comunidade, porque não faz sentido ter barreiras para circular dentro da minha casa; o segundo é a harmonização da legislação a vários níveis, e o resto é preparar as nossas comunidades, cada Estado deve preparar o seu povo para que saibamos limar todas as diferenças e perceber que no global só temos a ganhar se estivermos todos unidos e [conseguirmos] potenciar os ativos da comunidade de forma económica".
MBA // PJA
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