Portugal tem "um longo caminho para percorrer" para melhorar ' rating'
Porto Canal / Agências
Lisboa, 09 mai (Lusa) -- O ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, considerou hoje que a alteração da perspetiva da classificação da dívida portuguesa de "negativa" para "estável" demonstra que Portugal tem ainda "um longo caminho a percorrer" em prol do rigor orçamental.
"Temos ainda um longo caminho a percorrer para consolidar a melhoria da perceção de risco por parte dos investidores e por parte das agências de 'rating'. Não há dúvida que tem havido nos últimos meses uma evolução positiva e é fundamental que, a prazo, passemos para a categoria de investment grade [nível de investimento] que perdemos com a crise da dívida pública e da economia portuguesas", afirmou o economista em declarações à Lusa.
Esta manhã, a agência de notação Standard & Poor's anunciou ter passado a perspetiva da classificação da dívida portuguesa de "negativa" para "estável", explicando a decisão com o facto de a economia de Portugal ter ultrapassado as expectativas.
A agência de 'rating' manteve, no entanto, a classificação de Portugal em "BB", o que significa que continua a considerar que a capacidade de Portugal pagar as suas dívidas como "lixo".
Falando à margem da sessão inaugural do Ciclo de Conferências Mês da Transparência - "Dívida Pública - Como chegámos aqui e o que fazer com este fardo?", que decorreu na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em colaboração com a Revista Visão, o antigo ministro das Finanças considerou que há ainda muito a fazer para melhorar o 'rating' de Portugal.
"Temos de convencer os mercados de que vai continuar o rigor orçamental e que vão ser consolidados os sinais de recuperação económica que se têm feito sentir desde o segundo trimestre de 2013", declarou Eduardo Catroga.
Segundo defendeu, "também é fundamental que se confirmem os resultados orçamentais de 2014, e que os riscos que existem, nomeadamente ligados ao Tribunal Constitucional, sejam eliminados".
"As boas avaliações da 'troika' ajudam, mas o sinal que vem das agências de rating é perfeitamente lógico. Fizemos alguns progressos, simplesmente, o ponto de partida de desequilíbrios financeiros e estagnação económica deixa os investidores numa posição de' wait and see'", rematou Catroga.
A decisão da Standard & Poor's segue à que já tinha sido tomada Fitch em abril, faltando apenas conhecer a da terceira agência de 'rating' entre as três grandes, a Moody's, também anunciada para hoje.
De acordo com a S&P, o desempenho económico e orçamental de Portugal superou as expectativas e a produção de riqueza do país deverá crescer em média 1,4% durante 2014 e 2015.
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