Ex-director do El Mundo defende aplicação de novos modelos de negócios digitais

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 30 abr (Lusa) - O jornalista Pedro J. Ramirez, fundador e ex-director do jornal espanhol El Mundo, defendeu hoje que se devem aplicar novos modelos de negócios digitais para rentabilizar os jornais, face ao eventual desmoronamento dos 'media' tradicionais.

Falando numa conferência intitulada "O Poder dos Media", hoje realizada em Lisboa, o jornalista espanhol afirmou que as condições de trabalhos dos jornalistas, em quase todo o mundo, tendem a degradar-se e, na era de informação, vive-se "um dos momentos de maior crise" ao nível das redações, alvo de sistemáticos cortes das empresas jornalísticas.

Para Pedro J. Ramirez, esta situação faz com que os jornalistas sintam "um perfeito tormento: um terramoto dentro do tsunami, ou tsunami dentro do terramoto, uma combinação de dois fenómenos perniciosos".

"Estamos mais débeis do que nunca", frisou Pedro J. Ramirez, exemplificando com as perdas da publicidades dos 'media' tradicionais para os digitais, onde há "novos competidores e novos publicitários".

"O diagnóstico do que se passa está bastante claro: a revolução tecnológica está sobrepondo uma mudança na estrutura dos media e tanto os leitores como os anunciantes encontram suportes alternativos mais baratos e eficientes para satisfazer as suas necessidades de informação, ou de publicidade em outros suportes distintos aos jornais diários tradicionais", acrescentou.

Para uma maior adaptação dos media, o jornalismo crítico desempenhará um papel crucial no futuro, disse o antigo diretor do El Mundo.

"Não creio que no mundo em que vivemos as ditaduras possam reproduzir-se. Creio que as democracias encontrarão formas de regenerar-se e o jornalimo crítico desempenhará um papel capital, portanto o 'watchdog'[papel vigilante do jornalismo] está narcotizado mas não está morto. O watchdog despertará o mais breve possivel, enquanto conseguirmos reconstruir a rentabilidade dos 'media' através de ingressos de conteúdos difundidos digitalmente. Esta é, para mim, a regra de ouro", afirmou Pedro J. Ramirez.

Falando no debate que abordou a evolução do Poder dos Media nos últimos 10 anos e as perspetivas para a próxima década, Pedro J. Ramirez disse que o desafio dos jornais passa por criar novos modelos de negócios através de dispositivos móveis adequados.

No entanto, esta estratégia, disse, deve ser conjugada com "um jornalismo de qualidade", o que se resume na prática do "jornalismo investigativo, explicativo e com opinião plural".

"Eu sou dos que pensam, como George Orwell, que o jornalismo consiste em publicar o que outros pretendem manter oculto", afirmou, lembrando que atualmente se vive um tempo de grande concentração entre o poder político e económico.

Por seu turno, José Manuel Fernandes, antigo director do Público e actual publisher no Observador, também considerou que "o importante é preservar a qualidade do jornal", sendo para tal "imprescindível pagar bem os jornalistas".

"Se não tivermos jornalismo dificilmente teremos democracia", afirmou José Manuel Fernandes, durante a conferência realizada na Universidade Nova de Lisboa, enquadrada na comemoração dos 20 anos da consultora GCI.

MMT // APN

Lusa/Fim

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