Fim dos ENVC deveu-se ao cancelamento da reestruturação e das encomendas da Marinha - Santos Silva
Porto Canal / Agências
Lisboa, 01 abr (Lusa) - O ex-ministro da Defesa socialista Santos Silva afirmou hoje que o que "tornou irreversível" o desaparecimento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo foi o cancelamento do programa de reestruturação e do programa de encomendas da Marinha.
"O que tornou irreversível o desaparecimento dos Estaleiros foi o cancelamento do programa de reestruturação [pelo atual Governo PSD/CDS-PP] e a criação imprudente de expectativas irrealizáveis. Foi o cancelamento abrupto e total do programa de encomendas da Marinha", afirmou Santos Silva, numa declaração inicial perante os deputados da comissão de inquérito ao processo de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
O ministro, que tutelou a área da Defesa entre 2009 e junho de 2011, considerou ainda que o desaparecimento dos ENVC ficou a dever-se ainda a "dois anos sem produção nem trabalho", a "precipitação e a ambiguidade dos termos escolhidos para a discussão do dossier com a Comissão Europeia" e a decisão formal de o encerrar, pelo atual Governo.
O ex-ministro admitiu que possa ter havido "lapsos, falhas e erros" cuja "responsabilidade política" disse assumir e também "realizações e sucessos" no período em que tutelou a área.
Santos Silva criticou a "intenção legítima" do atual Governo PSD/CDS-PP de privatizar o Arsenal do Alfeite, deixando um alerta: "Quero humildemente alertar para o enorme risco que o país pode correr em matéria de Defesa e segurança nacional se com o fim dos estaleiros e de uma influência pública no Alfeite abdicar de ter capacidade própria de construção e manutenção naval militar", disse.
O ex-ministro socialista disse que o objetivo do plano de reestruturação dos ENVC gizado pelo anterior Governo visava "salvar a empresa, reestruturando-a e modernizando-a" para que pudesse "cumprir encomendas num ambiente internacional cada vez mais competitivo" e para que "Portugal mantivesse capacidade própria, autónoma em matéria de construção e reparação naval, nomeadamente, militar.
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