Estaleiros: PCP quer apurar responsabilidades para fazer "justiça" com trabalhadores

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Porto Canal / Agências

Viana do Castelo, 29 mar (Lusa) - O PCP quer "apurar todas as responsabilidades" no "autêntico crime" do encerramento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), inclusive para que se "faça justiça" com os trabalhadores e a região.

A posição foi assumida hoje pelo secretário-geral comunista, em Viana do Castelo, classificando como "corajosos combatentes e resistentes" os trabalhadores que "enquanto puderam" contestaram o fecho dos ENVC.

"Para que se lhes faça justiça, para que se faça justiça a esta região, daqui reafirmamos o nosso empenho em que se apurem todas as responsabilidades e para que venha à luz do dia todo o processo deste autêntico crime, na comissão de inquérito que, por iniciativa do nosso partido, está a funcionar na Assembleia da República", disse Jerónimo de Sousa.

Durante o discurso de encerramento da IX assembleia da organização regional de Viana do Castelo do partido, o secretário-geral do PCP afirmou que no processo que conduziu ao encerramento dos ENVC o Governo "usou de tudo" para "confundir, desmobilizar, dividir, desorientar", além de "chantagear e atemorizar".

Os ENVC estão em processo de liquidação e subconcessão ao grupo Martifer. Os últimos doze trabalhadores - entre 607 - que não chegaram a acordo para a rescisão voluntária dos contratos já receberem as respetivas cartas de despedimento, que pode ser concretizado durante o mês de abril.

"A luta terminou esta fase. Mas o que fica é o exemplo destes homens e mulheres que resistiram enquanto puderam em defesa dos seus postos de trabalho mas, acima de tudo, em defesa da construção naval e da produção nacional", sublinhou o líder comunista.

A administração da West Sea - criada pela Martifer - acertou com os ENVC que assumirá a subconcessão dos terrenos e infraestruturas daquela empresa pública a partir de 01 de maio, cessando a atividade dos atuais estaleiros.

"Trata-se de um lamentável historial de negociatas e corrupção de sucessivas administrações e dos governos do PS e do PSD e CDS", justificou Jerónimo de Sousa. Como exemplos dessa gestão da empresa apontou as encomendas de dois ferryboats, rejeitados pelos Açores, da não concretização das contrapartidas dos submarinos para a empresa, do cancelamento das encomendas militares ou face à "deliberada paralisação" da atividade dos ENVC nos últimos anos.

O resultado, disse ainda, foi o "desmantelar" dos estaleiros e a sua entrega "ao apetite de grupos privados".

No discurso, Jerónimo de Sousa afirmou também que a "vida está a dar razão" ao PCP, que em 2011 defendeu a reestruturação da dívida, recusando agora um "simulacro" de negociação com os credores, mas sim em montantes e juros.

"Não uma renegociação qualquer ou um simulacro de reestruturação, mas uma renegociação capaz de garantir o relançamento da economia, promover o emprego, travar a sangria de jovens que aos milhares deixam o país, devolver ao povo que lhes foi retirado e para melhorar as suas condições de vida e de trabalho", afirmou.

A posição foi assumida numa altura em que o movimento Manifesto 74, que reúne personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa, anunciou que está a realizar uma petição para levar a reestruturação da dívida ao plenário da Assembleia da República, necessitando para tal de pelo menos quatro mil assinaturas.

"São, hoje, por isso, cada vez mais as vozes que se levantam e que reconhecem que a dívida é insustentável e que não pode ser paga mantendo as atuais condições. Vozes onde se incluem muitos daqueles que não só combateram na altura a proposta de renegociação apresentada pelo PCP como defenderam o pacto de agressão que tanto sofrimento causou ao povo português", criticou Jerónimo de Sousa.

PVJ // ROC

Lusa/fim

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