Covid-19: Zoo de Gaia sem "crianças a correr" garante com dificuldades "mimos" aos 600 animais

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Porto Canal com Lusa

Vila Nova de Gaia, Porto, 23 abr 2020 (Lusa) - Os 600 animais do Zoo de Santo Inácio, Vila Nova de Gaia, continuam a receber os "mimos das suas pessoas preferidas, os tratadores", mas faltam "gargalhas, crianças a correr e a receita para comida escasseia", contou hoje a diretora.

"Há animais que, pela sua espécie, são mais curiosos. Um macaco, mal vê alguém corre e exibe-se um bocadinho. Um lama é super curioso. Mas uma cobra não tem grande interesse se o visitante está ali ou não. Não consigo afirmar se os animais notam, gostam, são mais ou menos felizes com visitantes ou não, mas sei que os colaboradores estão tristíssimos. Agora ouvimos tudo. O som da natureza é muito bonito, mas faltam gargalhadas e crianças a correr", descreveu a diretora do Zoo de Santo Inácio, Teresa Guedes.

Este parque localizado em Avintes, em Vila Nova de Gaia, comemora este ano o seu 20.º aniversário, mas já adiou festejos para 2021 devido à pandemia associada ao novo coronavírus.

Teresa Guedes tem expectativa de voltar a abrir portas em maio, quando for levantado o estado de emergência, mas "isso porque em causa está um parque ao ar livre e porque serão implementadas medidas de prevenção quer na defesa de colaboradores quer de visitantes", referiu.

Fechado desde 16 de março, os 600 animais de 250 espécies do Zoo de Santo Inácio "continuam a ter o mimo das suas pessoas preferidas, os tratadores", mas a falta de receita de bilheteira "preocupa" os responsáveis que gastam cerca de 15 mil euros por mês com alimentação e material médico-veterinário.

"São quatro toneladas e meia de carne e peixe congelado, quatro toneladas de cereais e rações, feno, palha, suplementos vitamínicos. É muita coisa. Felizmente, três supermercados locais que já nos doavam os frescos [legumes e frutas] que não conseguem escoar continuaram a contribuir, mas tem sido complicado", descreveu a diretora.

A somar à comida e tratamentos dos animais, o Zoo de Santo Inácio, mantém os custos com a luz, a água, os vigilantes, as avenças, e salários dos cerca de 40 funcionários, 50% dos quais já em 'lay-off' e os restantes a trabalhar por turnos.

"O momento que estamos a viver para quem tem de tomar decisões é muito difícil. Seja uma diretora de um zoo, de uma escola ou de uma empresa. Sentimos uma pressão enorme, porque vidas de pessoas dependem de nós. No meu caso, dependem vidas de pessoas e vidas de animais", afirmou.

Segundo a responsável, as medidas implementadas foram "muito bem aceites por todos os colaboradores", notando-se "uma paixão muito grande e uma dedicação gigante aos animais e ao zoo", razão pela qual Teresa Guedes acredita que "todos estão motivados e ansiosos" pela reabertura que começará a ser preparada sexta-feira em reunião de direção.

Teresa Guedes antecipou à Lusa que será sugerido colocar fitas para definir espaçamentos, marcar as bancadas das demonstrações com animais para garantir distanciamento entre pessoas, manter o reptilário e casa dos animais noturnos fechados, bem como o restaurante do zoo, dando prioridade a esplanadas e habitats ao ar livre.

"Em relação aos visitantes, estamos à espera de perceber as recomendações nacionais ao nível de máscaras. Os funcionários vão estar protegidos, isso sem dúvida. Já temos gel desinfetante espalhado pelo zoo", acrescentou.

O Zoo de Santo Inácio - que tem um leão e três leoas asiáticas, espécie menos comum do que a africana porque só existem 200 em habitat natural, na floresta de Gir, na Índia - pertence à Associação Portuguesa de Zoos e Aquários, instituição à qual também estão associados espaços como o Zoo de Lagos, o de Lisboa ou Aquário Vasco da Gama.

"A associação já teve contacto com os Ministérios do Ambiente e da Agricultura para pedir apoio e creio que estamos numa fase de conversas e levantamentos. Os ministérios já perguntaram que alimentos usamos e já fizemos extensas listas de materiais para apresentar a produtores e empresas", revelou Teresa Guedes, a trabalhar no Zoo de Santo Inácio há 14 anos.

Esperançada por reabrir portas em maio, a diretora mostrou-se, no entanto, "realista" quanto a uma "quebra de visitas" de "50 a 60%" face a 2019, ano em que este zoo recebeu 170 mil visitantes.

Tradicionalmente este parque - que se destaca por permitir ao visitante que atravesse um túnel de vidro de 40 metros para entrar na "casa" dos leões asiáticos, podendo estar "cara a cara e mão na mão" com esta espécie menos comum que chegou a Gaia em 2014 - estaria agora numa fase de visitas escolares.

"Teremos perdido a visita de 30 mil alunos e professores. Na Semana Santa perdemos a procura sempre muito intensa de espanhóis. Julho e agosto são, tipicamente, meses fortíssimos de emigrantes, um público que não acredito que venhamos a ter este ano", analisou.

O Zoo de Santo Inácio tem capacidade para receber por dia 4.000 pessoas. Ao longo do ano, 20% dos visitantes são estrangeiros, 80% dos quais espanhóis.

"Neste momento, a nossa prioridade é manter os animais no seu bem-estar pleno e manter os colaboradores a trabalhar saudáveis com o máximo de cuidados", concluiu a responsável.

Portugal, que vive em estado de emergência desde 19 de março, regista hoje 820 mortos associados à covid-19, mais 35 do que na quarta-feira, e 22.353 infetados (mais 371), indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

PFT//LIL

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