Covid-19: Iraque decreta recolher obrigatório até 28 de março
Porto Canal com Lusa
Bagdad, 22 mar 2020 (Lusa) -- As autoridades iraquianas anunciaram hoje a imposição do recolher obrigatório nas 18 províncias do país com um sistema de saúde devastado, após terem morrido 20 pessoas com covid-19 e do número de infeções continuar a aumentar.
Até agora metade das províncias tinha imposto o recolher obrigatório a nível local, mas a partir deste momento são as deslocações que ficam proibidas em todo o país até 28 de março, de acordo com uma decisão da célula de crise tutelada pelo Ministério da Saúde, à qual a agência France Presse teve acesso.
Os estabelecimentos escolares e universitários, assim como os aeroportos do país ficam também fechados até dia 28, precisa o texto.
Hoje, o Ministério da Saúde contabiliza 233 casos do novo coronavírus em todo o país, mas os números anunciados pelas autoridades podem ser bem inferiores à realidade, pois apenas foram realizados menos de 2.000 testes no país com 40 milhões de habitantes e fronteiriço ao Irão, onde a covid-19 já matou perto de 1.700 pessoas.
Para tentar travar o contágio, as forças de segurança iraquianas patrulham ao longo da fronteira com a República Islâmica, tentando impedir as passagens ilegais nas centenas de quilómetros de fronteira partilhada e oficialmente encerrada há um mês.
As autoridades estão igualmente preocupadas com uma eventual contaminação em massa devido às peregrinações xiitas, uma das quais reuniu no sábado dezenas de milhares de iraquianos em Bagdad e noutras localidades.
As mais altas autoridades xiitas do Iraque já proibiram as orações coletivas e concentrações, mas o influente líder Moqtada al-Sadr continua a apelar aos seus apoiantes para que rezem em conjunto e realizem as peregrinações aos mausoléus do país.
O ministro da Saúde, Jaafar Allaui, explicou a uma televisão que está muito preocupado porque considera que o sistema de saúde iraquiano, com falta crónica de medicamentos e médicos e hospitais em mau estado, não resistirá a uma epidemia.
Por outro lado, o seu governo, atingido fortemente pela queda do preço do petróleo, recusou-lhe os poucos milhões de dólares que tinha pedido quando foram anunciadas as primeiras infeções.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 290.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 12.700 morreram.
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