Covid-19: Campanha de angariação de fundos 'online' quer ajudar artistas de Lisboa

| País
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 17 mar 2020 (Lusa) - A fundadora do espaço Anjos70, em Lisboa, Catarina Querido, iniciou uma campanha de angariação de fundos 'online' para ajudar artistas da cidade que enfrentam problemas financeiros devido aos cancelamentos e adiamentos de eventos culturais, consequências da epidemia de Covid-19.

O setor cultural tem sido um dos vários afetados na sequência das recomendações e restrições impostas nos últimos dias pelo Governo português, o que tem levado a adiamentos e cancelamentos de espetáculos, que envolvem na sua maioria trabalhadores independentes, ou seja, que recebem por cada trabalho que efetuem.

"São pessoas que vivem de concerto em concerto. É a nossa causa: suportar a nossa comunidade artística", afirmou a diretora e fundadora do Anjos70, em declarações à Lusa.

A ideia surgiu quando Catarina Querido soube que existiam "pessoas a contactar amigos artistas para lhes enviar apoio, e algumas pessoas não sabiam como o fazer".

"Esta foi uma solução que criámos como uma ponte entre essas pessoas", afirmou, sublinhando que nenhuma parcela do valor total arrecadado terá como destino o Anjos70, embora este espaço, tal como outros, também enfrente constrangimentos devido ao plano nacional de combate à epidemia da Covid-19.

Com a campanha, a ideia é "arranjar todo o tipo de apoio urgente, para pessoas que tinham concertos este fim-de-semana e ficaram sem esse dinheiro".

A campanha "Fundo de Apoio para Artistas de Lisboa/Covid-19" foi iniciada no sábado de manhã, na plataforma GoFundMe.

Segundo Catarina Querido, nas primeiras 24 horas tinham sido reunidos mil euros e recebidos 58 pedidos de apoio.

Na segunda-feira, com 77 artistas inscritos, "de várias áreas, mas a maioria da música", Catarina Querido decidiu colocar as inscrições "em pausa".

"Só abro a mais [pedidos de apoio] se houver mais donativos. Precisamos que o fundo cresça, porque o objetivo é abrir a mais artistas".

Até às 13:00 de hoje, o fundo tinha reunido 1.695 euros, de um objetivo total de 50 mil euros.

"Terei que gerir o fundo que tenho para os pedidos que tenho, não quere dar 15 euros a cada pessoa", explicou.

Quem pede apoio tem que preencher um formulário onde é perguntado, por exemplo, se o artista precisa de ajuda para cobrir despesas que se não fossem os cancelamentos não teria dificuldades em pagar.

Embora "não se rejeite ninguém", Catarina Querido está "a dar especial atenção a mulheres e artistas trans e não binários, comunidades mais frágeis".

Esta campanha abrange apenas artistas de Lisboa, mas logo no primeiro dia em que esteve 'online', Catarina Querido recebeu "emails de pessoas a quererem saber mais, para fazerem ou mesmo noutras cidades e regiões, como o Algarve, por exemplo".

Além da campanha de angariação de fundos, Catarina Querido está a compilar uma "lista, em constante atualização, com recursos, ideias e informação para apoiar artistas", que inclui artigos sobre o setor cultural, exemplos de iniciativas que estão a acontecer noutros países e 'sites' de trabalho remoto.

"Sabemos que o sector cultural não é o único afetado, mas estamos a dedicar-nos à nossa comunidade", referiu.

A campanha está disponível em https://www.gofundme.com/f/fundo-de-apoio-para-artistas-de-lisboa?utm_source=customer&utm_medium=copy_link-tip&utm_campaign=p_cp+share-sheet.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.

Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

O Governo também anunciou o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.

JRS // TDI

Lusa/fim

+ notícias: País

FNE e Governo chegam a acordo para recuperação do tempo de serviço

A Federação Nacional da Educação (FNE) e o Governo alcançaram hoje um acordo para a recuperação do tempo de serviço congelado durante a ‘Troika’, que será devolvido ao longo de quatro anos.

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".

Proteção Civil desconhece outras vítimas fora da lista das 64 de acordo com os critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse hoje desconhecer a existência de qualquer vítima, além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.