Ucrânia: UE deve evitar atitudes "excessivamente radicais" - Rui Machete
Porto Canal / Agências
Genebra, 04 mar (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu hoje que a União Europeia tem de "chamar à realidade" a Rússia para as consequências de uma intervenção na Ucrânia, mas deve evitar atitudes "excessivamente radicais" para "evitar ruturas".
Em declarações aos jornalistas à margem da 25.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos, Rui Machete recordou que o que está em jogo na crise da Ucrânia não é só aquele país e a Crimeia, mas também o futuro das relações entre a Rússia e a União Europeia.
"É preciso encontrar vias que possam ser percorridas por ambas as entidades e que permitam o diálogo", disse.
"Não devemos abandonar a ideia de construir uma parceria com a Rússia e evitar ruturas se puderem ser evitadas", acrescentou
Questionado sobre a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de mandar regressar às bases os militares em exercício junto à fronteira com a Ucrânia, ao mesmo tempo que ameaça "reduzir a zero" a sua dependência económica dos Estados Unidos em caso de sanções, Machete disse fazer parte de "um processo complexo"
"Um certo desanuviamento é preciso para depois se poder negociar", explicou o ministro português, afirmando que entretanto "é preciso ir acertando posições".
Recordando que no conselho dos ministros de Negócios Estrangeiros, na segunda-feira, em Bruxelas, foram discutidas eventuais sanções à Rússia, Machete sublinhou tratar-se de"uma forma de chamar à realidade os russos para as consequências de algumas ações claramente violadoras do direito internacional".
"Mas, por outro lado, é importante não fechar as portas e continuar a poder negociar. As coisas que estão em jogo são demasiado importantes para tomar atitudes excessivamente radicais", afirmou ainda.
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do ex-presidente Viktor Ianukovich, por causa da Crimeia, península do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.
Hoje, o presidente russo anunciou que se reserva o "direito de atuar" na Ucrânia, em último recurso, para defender cidadãos russos.
Vladimir Putin anunciou também que a Rússia não considera a anexação da república autónoma da Crimeia ucraniana e negou que as forças russas estejam a cercar as bases militares na região.
A câmara alta do parlamento russo aprovou no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia".
Esta decisão surgiu um dia depois da denúncia da Ucrânia de que a Rússia fez uma "invasão armada" na Crimeia.
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