Novo presidente da Assembleia Municipal do Porto prometeu "equidistância"
Porto Canal / Agências
Porto, 17 fev (Lusa) - O novo presidente da Assembleia Municipal do Porto, Miguel Pereira Leite, prometeu "independência e equidistância" na condução dos trabalhos e disse querer contribuir para que estes decorram com "cada vez maior elevação".
Miguel Pereira Leite foi segunda-feira à noite eleito presidente daquele órgão Porto, com 29 votos num universo de 46, e sucede a Daniel Bessa, que se demitiu em janeiro.
O novo presidente, proposto pelo grupo municipal afeto ao presidente da Câmara, Rui Moreira, derrotou Honório Novo, que foi proposto pela CDU e obteve 13 votos.
Registaram-se quatro abstenções na eleição que foi feita por voto secreto.
Daniel Bessa demitiu-se alegando "motivos pessoais", mas já este mês afirmou à Rádio Renascença (RR) que "havia CDS a mais" no município portuense.
Miguel Pereira Leite, simpatizante do CDS-PP e administrador de uma sociedade gestora de fundos, era o segundo secretário da mesa da Assembleia Municipal, cargo para o qual foi eleita, com 33 votos, Maria Paula Faria, docente da Universidade Católica do Porto e também representante do movimento de Rui Moreira.
A socialista Ana Paula Vitorino mantém-se como vice-presidente.
Miguel Pereira Leite pediu aos deputados para usar da palavra "sem demagogia" e citou até o poema 'Com Fúria e Raiva', de Sophia de Mello Breyner Andresen, onde se lê, nomeadamente, "Com fúria e raiva acuso o demagogo que se promove à sombra da palavra".
O deputado Pedro Moutinho, dirigente do CDS-Porto e eleito pela lista de Rui Moreira, disse que "há uma pessoa que está a menos, Daniel Bessa", numa alusão clara ao que este disse à RR.
"Ele é que escolheu sair e abandonar a cidade", afirmou ainda Pedro Moutinho.
O coordenador do mesmo grupo, André Noronha, também militante centrista, reforçou a crítica a Daniel Bessa e desmentiu qualquer crise interna.
"Só fazem falta os que cá estão", concluiu.
O PSD tomou uma "posição claramente política" contra a substituição de Bessa por Miguel Pereira Leite, alegando que "está desvirtuado todo o cenário eleitoral" da candidatura independente de Rui Moreira.
"Daniel Bessa foi um dos vértices" da candidatura, alegou o social-democrata Luís Artur.
O deputado disse que são desconhecidas as razões o anterior presidente a demitir-se e insstiu que "a questão politica não está ultrapassada".
"Rui Moreira deve dar explicações", sustentou.
Rui Moreira, porém, manteve-se calado sobre o assunto.
O PS apoiou a candidatura de Miguel Pereira Leite, argumentando que este tem "todas as condições" exercício do cargo e "oferece garantias de isenção".
A CDU entende que a presidência da Assembleia Municipal do Porto por um simpatizante do CDS-PP "não dá garantias de um exercício isento e plural desta importante função" e, ao mesmo tempo, criticou o PS por ter feito um acordo de governação da Câmara com Rui Moreira.
A CDU avançou por isso com a candidatura de Honório Novo, antigo deputado do Parlamento Europeu e da Assembleia da República e vereador em Gaia e em Matosinhos.
"Pode contar com a minha tradicional frontalidade e clareza de posições", disse Honório Novo, dirigindo-se ao novo presidente.
O Bloco de Esquerda, que apoiou Honório Novo, considerou tratar-se de uma "insólita situação" a eleição de uma nova mesa da Assembleia Municipal, pouco mais de cem dias após a eleição da anterior.
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