Assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 1967, passou despercebido na cidade

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Porto Canal com Lusa

Figueira da Foz, Coimbra, 14 dez (Lusa) - O assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 1967, tema de um livro que é hoje apresentado naquela cidade do distrito de Coimbra, passou despercebido às autoridades e população, segundo relatos dos comerciantes locais.

Na mesma Praça Velha (designação popular da Praça General Freire de Andrade) onde se situava a delegação do Banco de Portugal, são hoje poucas as lojas abertas, ao contrário do que sucedia há quase 50 anos, quando a instituição bancária foi assaltada pelo grupo liderado pelo revolucionário Hermínio da Palma Inácio, situação retratada no livro do historiador Luís Vaz.

No livro, Luís Vaz define a praça como uma das "mais movimentadas da cidade", consequência de albergar, na altura, um terminal de camionagem ao qual associa um "frenesim ritualista das chegadas e partidas de passageiros", maioritariamente gente das freguesias rurais que vinha à cidade, diversos estabelecimentos comerciais, a subdelegação de saúde ou a biblioteca municipal e ser, também, ponto de encontro de pescadores da pesca do bacalhau.

Uma das lojas que resiste ao tempo é a retrosaria Elegante, fundada na década de 1930 pelo pai do atual proprietário, Carlos Rascão, 77 anos. A data do assalto, 17 de maio de 1967, foi um dia "normal como tantos outros" e o sucedido passou despercebido na rua e nos estabelecimentos em redor.

"Ninguém se apercebeu de nada. Só soubemos quando a empregada de limpeza do banco chegou aqui aflita a dizer que tinha havido um assalto e que tinham [funcionários e clientes] sido fechados na casa de banho", disse à agência Lusa Carlos Rascão.

O comerciante, que mantém a loja aberta três ou quatro portas ao lado do antigo edifício do Banco de Portugal, lembra-se de não ter havido "aparato policial" nas horas que se seguiram.

No livro, Luís Vaz afirma que os funcionários e clientes, que foram fechados pelos assaltantes na casa de banho da instituição bancária, partiram um vidro e saíram porta fora 45 minutos depois: Dois gerentes foram, então, a pé à esquadra da PSP, localizada a pouco mais de 100 metros, mas a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) e a Polícia Judiciária só tiveram conhecimento do sucedido duas horas depois do assalto.

Na sapataria Ritinha, estabelecimento que existe na praça há cerca de 100 anos, praticamente em frente ao prédio onde se situava o Banco de Portugal, Fernanda Lourenço também não deu por nada: "Ninguém se apercebeu. Foi tudo tão bem feito que não demos por ela. Só houve algum barulho mais tarde, porque as pessoas começaram a falar disso", afirmou a proprietária, hoje com 72 anos.

"Palma Inácio e o Assalto ao Banco de Portugal da Figueira da Foz (1967)" é o terceiro volume de um conjunto de quatro livros que o historiador Luís Vaz está a escrever sobre Hermínio da Palma Inácio, revolucionário falecido a 14 de julho de 2009 e que, antes do 25 de Abril, protagonizou ações contra o regime, como o desvio de um avião.

Lançado a 10 de novembro, o livro é hoje apresentado, às 18:00, no salão nobre da Câmara Municipal da Figueira da Foz, numa cerimónia que conta com a presença do autor.

JLS (SMM) // SSS

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