Economia mundial entra em "profundo período de incerteza"

Economia mundial entra em "profundo período de incerteza"
| Economia
Porto Canal com lusa

A economia mundial, ainda frágil devido à crise de 2008, vai entrar num profundo período de incerteza, após os britânicos terem decidido votar a favor da saída da União Europeia, defenderam hoje analistas internacionais.

"Estamos a entrar num território completamente desconhecido, onde a única certeza é a incerteza", afirmou Jean-Michel Six, economista chefe para a Europa da agência de cotação SP Global Ratings.

Antes do referendo de quinta-feira, instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) já tinham alertado para os perigos do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) para a economia mundial.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também alertou para as "implicações para todos" os seus membros, em "particular na Europa".

A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, avisou que o Brexit poderá afetar os Estados Unidos, primeira economia mundial, mencionando uma "valorização provavelmente inevitável do dólar".

Agora confirmado, o Brexit poderá levar a um efeito dominó que vai acabar por atingir uma economia mundial já fragilizada, prevendo-se um enfraquecimento do já lento crescimento económico europeu.

Jean-Michel Six considerou que o crescimento económico da zona euro vai diminuir 0,5 pontos em 2017.

"A saída da crise e o regresso ao crescimento económico durável parecem estar comprometidos após uma sucessão de acontecimentos nos mercados financeiros", lamentou Christopher Dembik, economista do banco dinamarquês Saxo Bank.

Depois do anúncio dos resultados do referendo britânico, a Europa tornou-se um risco.

"Antes do Brexit, a União Europeia era vista como um polo de estabilidade no sistema internacional", disse Thomas Gomart, diretor do centro de pesquisa francês IFRI.

"Mas com a crise grega, a crise migratória, o Brexit e a ascensão do populismo, a Europa está a passar do estatuto de contribuir para a estabilidade internacional para o de alimentar a instabilidade internacional", explicou o também autor de um estudo recente sobre o "regresso do risco geopolítico".

"Este é o pior cenário, que se tornou realidade", admitiu Ludovic Subran, economista chefe da seguradora de crédito Euler Hermes, sublinhando que a saída do Reino Unido "não é o Apocalipse".

Segundo Ludovic Subran, a decisão britânica vai "desafiar a Europa como um todo, incluindo nas negociações do tratado de livre comércio com os Estados Unidos" e no G7.

Uma situação que poderá "encorajar países como a China a procurar estabelecer relações bilaterais diretas com os países europeus", em vez de negociar com Bruxelas, afirmou Thomas Gomart.

Segundo o diretor do IFRI, o próprio conceito de globalização está em causa.

"Nós olhamos para a globalização como uma convergência inexorável dos modelos. Na realidade, estamos agora com modelos bastantes divergentes, provavelmente com o regresso a formas de protecionismo", afirmou.

O ex-secretário de Estado do Tesouro norte-americano Larry Summers não descarta uma "recessão europeia", caso os "governos europeus não consigam chegar a um acordo com os britânicos nos próximos meses".

"Esperamos que o resto da União Europeia se comprometa a tornar a Europa mais eficaz, mas, dadas as experiências anteriores, temos dúvidas de que isso tenha muita credibilidade para os mercados", alertou o banco norte-americano Goldman Sachs.

O prémio Nobel da Economia Paul Krugman relativizou os receios do impacto da saída do Reino Unido da União Europeia, salientando, no New York Times, que ainda não os viu.´

+ notícias: Economia

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.

Bruxelas promete trabalhar "intensamente" para conluir 7.ª avaliação

Bruxelas, 06 mai (Lusa) -- A Comissão Europeia está empenhada em trabalhar "intensamente" para terminar a sétima avaliação à aplicação do programa de resgate português antes das reuniões do Eurogrupo e do Ecofin da próxima semana, mas não se compromete com uma data.

Euribor sobe a três meses e mantém-se no prazo de seis meses

Lisboa, 06 mai (Lusa) -- A Euribor subiu hoje a três meses, manteve-se inalterada a seis meses e desceu a nove e 12 meses, face aos valores fixados na sexta-feira.