Governo tem seis meses de vida mas só dois de orçamento - Carlos César
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 01 jun (Lusa) - O presidente do PS adverte que o atual Governo tem seis meses de vida mas só dois de execução orçamental e considera que já conseguiu reverter o declínio económico herdado do tempo do anterior executivo.
Posições assumidas por Carlos César em entrevista à agência Lusa, depois de questionado sobre a desconfiança das instituições europeias em relação à consolidação orçamental em Portugal e sobre as condições políticas que o Governo socialista dispõe para adotar medidas adicionais, tendo em vista atingir as metas macroeconómicas a que se propôs.
De acordo com Carlos César, "quaisquer que sejam as estimativas - e há muitas, desde 2,2 a 2,9% de défice -, a verdade é que elas estão todas abaixo do procedimento por défice excessivo a que o Governo do PSD e do CDS-PP levou o país em 2015".
"Há agora um ganho evidente do ponto de vista obrigacional do país em relação à sua condição de membro da União Europeia, que é o de se libertar desse processo [procedimento por défice excessivo] e com isso ter não só ganhos na política interna, como na credibilidade externa. Não há nenhuma instituição que preveja que estejamos acima de três por cento [de défice], o que representa um ganho muito importante em termos de credibilidade e em relação ao nosso passado", sustenta o presidente do PS.
Confrontado com as mais recentes previsões da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), já estimando um défice de 2,9 por cento no final do ano, Carlos César, tal como o primeiro-ministro, António Costa, alega que "previsões há muitas" e que "importantes, realmente, são os resultados".
"Essas previsões da OCDE são todas elas fundamentadas em dados que estão recuados. Se verificarmos dados recentemente publicados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] em relação aos meses de abril e de maio em termos de indicadores de confiança, de obras públicas ou de confiança dos consumidores são reveladores de que há uma tendência de reversão [que também é positiva] de alguns dados de degradação face à nossa anterior situação económica", defende o presidente do PS.
Segundo o líder parlamentar socialista, "é preciso ter em consideração que as quebras ao nível do crescimento económico têm a ver com um percurso iniciado no último semestre do ano passado com o Governo PSD/CDS e que a quebra de investimento foi muito saliente no último trimestre do ano passado".
"Ou seja, estamos a aterrar numa curva descendente desses indicadores que resultam do tempo PSD e do PP e estamos numa tentativa de os recuperar. Este Governo pode ter seis meses de vida, mas tem dois meses de Orçamento", argumenta ainda o presidente do PS.
Na perspetiva de Carlos César, na atual conjuntura há ainda necessidade de "interiorizar a nova política orçamental e económica".
"Aí será muito importante que fique claro perante os investidores e perante os portugueses em geral que nós cumprimos nestes primeiros meses uma agenda que constituiu a base do nosso compromisso - uma agenda de coesão social, de recuperação de rendimentos e mínimos sociais. Agora, a agenda será sobretudo centrada na revitalização económica e empresarial. Já próxima segunda-feira, o Governo iniciará a execução de uma série medidas centradas nas áreas da economia e empresarial", refere.
Como prioridade imediata, Carlos César aponta "a recuperação da confiança na economia portuguesa, perdida no último semestre do ano passado".
"É absolutamente essencial que isto suceda, principalmente, num momento em que há essa herança descendente, como há sobretudo uma situação de crise acentuada e de maus resultados ao nível da Europa e, em particular, nos mercados que são referência para as exportações portuguesas", acrescenta.
PMF // ZO
Lusa/fim