Governo continua à espera da demissão do diretor da 'discórdia'

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Porto Canal (MYF)

Rui Barreira, Diretor da Segurança Social de Braga, é o 'centro de atenções' no panorama político português. Abuso de poder, caráter vingativo e autoritário são apenas algumas das características apontadas ao dirigente. O Conselho Diretivo do Instituto de Segurança Social deliberou abrir um inquérito à atuação de Rui Barreira, na sequência de uma acusação de estar a beneficiar Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) onde tem participado em atividades de cariz partidário.

Durante a Comissão de Orçamento e Finanças, que decorreu no dia 24 de fevereiro de 2016, o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, já tinha dito que estava há três meses “à espera da demissão” de um dirigente da Segurança Social que em 2013 garantiu que não ficaria “nem mais um dia” a ocupar o cargo,  quando o Governo fosse liderado pelo PS. Estas declarações deixaram o Parlamento todo a pensar em quem seria o dirigente. A resposta surge agora. Rui Barreira, atual Diretor Distrital da Segurança Social de Braga, é a pessoa a quem Vieira da Silva se refere e é também sobre ele que recaem acusações de estar a beneficiar Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) onde tem participado em atividades de cariz partidário.

Conselho Diretivo do Instituto de Segurança Social vai abrir processo de Inquérito a Rui Barreira

Fonte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social confirmou, esta segunda-feira, ao Porto Canal, que o Conselho Diretivo do Instituto de Segurança Social “deliberou, em reunião que teve lugar no dia 24 de fevereiro de 2016, abrir um processo de inquérito com base nos factos relatados pelo grupo parlamentar do PCP”.

O grupo parlamentar do PCP questionou o Ministro Vieira da Silva sobre a atuação de Rui Barreira, acrescentando que teve conhecimento que o dirigente “tem participado em iniciativas de cariz partidário, inseridas nas suas atividades autárquicas, junto de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)” e alertando que isto pode fazer com que seja “confundido nos seus papéis”.

Sublinhando que “as mesmas IPSS são, invariavelmente, beneficiadas por apoios da Segurança Social”, o grupo parlamentar do PCP quer saber quantos pedidos de acordos de cooperação foram solicitados pelas IPSS do concelho de Guimarães ao Centro Distrital de Braga do Instituto de Segurança Social, bem como quantos pedidos foram rejeitados e quais os critérios que sustentaram tal rejeição.

BE entrega memorando de várias dezenas de páginas, elaborado por um grupo de trabalhadores da Segurança Social de Braga

O Bloco de Esquerda (BE) também defende a demissão de Rui Barreira. Em declarações ao Porto Canal, a dirigente do BE de Braga, Paula Nogueira, salientou que ao longo destes anos a "alienação profissional é um sério problema no centro Distrital da Segurança Social de Braga". 

"Existem mais de 100 processos disciplinares e baixas médicas por razões psicológicas e de mau estar. Num universo de 600 trabalhadores, eu acho que isto é um drama", explicou Paula Nogueira.

Os bloquistas acusam ainda o Diretor Distrital de "usar crianças e jovens em risco, que estavam em instituições de acolhimento", aproveitando a "vulnerabilidade" dos jovens, para fazer campanhas eleitorais, com "objetivos apenas políticos".

O partido garante que o Ministro “Vieira da Silva tem, em sua posse, um memorando de várias dezenas de páginas, elaborado por um grupo de trabalhadores da Segurança Social de Braga, onde é enunciado um extenso rol de irregularidades que põe em causa a missão de serviço público daquela entidade”.

Toda a polémica envolvente começou desde 2013, altura em que Rui Barreira afirmou em entrevista à Revista SIM, que a função que desempenhava tinha que ser exercida por alguém “com a mesma orientação política” que o Governo em funções. (coligação PSD/CDS).

Para piorar a situação, quando foi questionado se seria possível governar se as orientações políticas fossem diferentes, Rui Barreira afirmou: “Seria difícil, porque iria ter que implementar no terreno medidas com as quais não concordava. Em 2005, quando o PS foi para o Governo, pediram-me para ficar mais alguns dias, enquanto substituíam a Dra. Filomena Bordalo pela nova diretora.Eu transmiti que não ficaria nem mais um dia, porque não fazia sentido, já que não acreditava na política que iria ser implementada”, referiu na altura.

PCP já tinha enviado requerimento ao Governo de Passos Coelho que não respondeu

As suspeitas foram levantadas pelo PCP, que receberam "várias exposições” a alertar sobre as atitudes e comportamentos do Diretor do Instituto de Segurança Social de Braga ao longos destes anos. Na altura, os comunistas enviaram um requerimento ao Governo de Passos Coelho a dar conta do que estava a acontecer, mas o executivo da altura “não se dignou a responder a nenhuma das questões levantadas”.

“Nunca a Segurança Social viveu dias de tão grande temor imposto por um dirigente, nunca a vingança básica, mesquinha e de má índole foi tão evidente em nenhum dos inúmeros dirigentes que já passaram por esta casa (…) Nunca tantos processos disciplinares foram instaurados (…) nunca a arbitrariedade de tratamento de funcionários foi tão evidente e nuca tantas pessoas foram tão mal tratada (…) Para sobreviver, o Diretor da Segurança Social, Rui Barreira, rodeou-se de funcionários que lhes prestam vassalagem em troca de tratamento privilegiados (…) a sua maioria movidos por propósitos meramente pessoais, de sobrevivência nos cargos e vergonhoso tráfico de influências”, pode-se ler algumas das afirmações declaradas pelo PCP, que contam no documento enviado em Janeiro ao atual Governo de António Costa, ao que o Porto Canal teve acesso.

Os comunistas desafiaram ainda o Ministério das Finanças a analisar o que se passa na recente polémica sobre as listas VIP na Autoridade Tributária, verificando “o que se passa a este nível na SS do Centro Distrital de Braga com a conivência e anuência do Sr. Diretor Rui Barreira”.

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