Movimento “anti-euro” desapareceu dos discursos do PCP, BE e PEV
Porto Canal (IYB)
Durante a discussão do Programa do XX Governo, era espectável que fossem apresentadas quatro moções de rejeição ao programa de direita e que a primeira fosse a do PS. No final, apenas essa foi votada por ter sido também a primeira a ser aceite. As restantes propostas foram feitas apenas para concretização própria. Nesse momento, o programa dos Partidos do PSD e CDS foi anulado e o Governo “caiu”.
A moção de rejeição do PS foi aprovada, nesta terça-feira, com um total de 123 votos a favor (deputados do PS, PCP, BE, PEV e PAN) e 107 contra (por parte do PSD+CDS). O comunicado oficial será feito, esta quarta-feira, pelo Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, em Belém.
Os discursos do BE, PCP e PEV apresentavam medidas passiveis de serem aceites pelo PS. Os partidos optaram por trabalhar em união e de apresentar soluções acordáveis por todos. Apesar de ser do conhecimento público que os três possuíam a mesma base “anti-euro” e “anti-Tratado Orçamental”, nenhum dos temas foi, de facto, abordado no Parlamento. E não só. Qualquer referência aos ajustes com o PS foi também escondida, centrando-se apenas na forte reprovação à governação de Passos e Portas. Apenas o texto do PS é que fez alusão aos acordos à esquerda. "Este compromisso (...) permite corresponder simultaneamente a três desideratos: Dá sentido à vontade expressa nas urnas de mudança de rumo político do país, assegura o compromisso do PS de apenas apresentar uma moção de rejeição se estivesse em condições de formar um governo alternativo e dá tradução ao repto lançado pelo Presidente da República de construção de uma maioria parlamentar de apoio a qualquer futuro governo enquanto condição de estabilidade", mencionava o texto, mais tarde aprovado, do PS.
Quanto ao discurso do Bloco de Esquerda, este afirmou que "o resultado das últimas eleições legislativas demonstrou uma enorme vontade de mudança e abriu a possibilidade da sua concretização, criando uma legítima esperança num novo ciclo político".
Já o PCP assegurou que o país precisava de um Governo que defendesse "o primado dos interesses nacionais" e de uma “ruptura” com os ideais de direita.