Cavaco rejeita Governo de esquerda. "Nunca os Governos dependeram de forças políticas antieuropeístas"

Cavaco rejeita Governo de esquerda. "Nunca os Governos dependeram de forças políticas antieuropeístas"
| Política
Porto Canal

O Presidente da República considerou hoje que, apesar do Governo PSD/CDS-PP poder não assegurar inteiramente a estabilidade política necessária, "a alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas" teria consequências financeiras, económicas e sociais "muito mais graves".

"Se o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o país precisa, considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa comunicação ao país, onde anunciou que tinha indigitado o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, para o cargo de primeiro-ministro.

Sublinhando que é ao Presidente da República que cabe "de forma inteiramente livre" fazer um juízo sobre as soluções políticas com vista à nomeação do primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ser "significativo" que não tenham sido apresentadas por PS, BE, PCP e PEV "garantias de uma solução alternativa estável, duradoura e credível".

Depois de logo no início da sua intervenção ter recordado que há duas semanas já tinha alertado para a necessidade de uma solução governativa que assegurasse estabilidade política, Cavaco Silva admitiu recear "muito" uma quebra de confiança das instituições credoras internacionais, dos investidores e dos mercados financeiros externos.

"A confiança e a credibilidade do país são essenciais para que haja investimento e criação de emprego", vincou, considerando que, no âmbito das suas competências e depois dos "pesados sacrifícios" feitos pelos portugueses nos últimos anos, é seu dever "tudo fazer para impedir que sejam transmitidos sinais errados às instituições financeiras, aos investidores e aos mercados, pondo em causa a confiança e a credibilidade externa do país".

Entre as justificações que apresentou para ter optado pela indigitação do líder do PSD para o cargo de primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ter tido presente que a União Europeia é uma opção estratégica para o país e que a observância dos compromissos assumidos no quadro da Zona Euro é "decisiva".

"Fora da União Europeia e do Euro o futuro de Portugal seria catastrófico", sublinhou, lembrando que em 40 anos de democracia os Governos de Portugal nunca dependeram de "forças políticas antieuropeístas", que defendem, entre outras matérias, a revogação do Tratado de Lisboa e do Tratado Orçamental e saída da NATO.

"Este é o pior momento para alterar radicalmente os fundamentos do nosso regime democrático, de uma forma que não corresponde sequer à vontade democrática expressa pelos portugueses nas eleições do passado dia 04 de outubro", vincou.

 

Imagem: presidencia.pt

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