Lisboa, 19 out (Lusa) - Várias estruturas sindicais socialistas enviaram mensagens de apoio à estratégia do secretário-geral do PS de dialogar com o PCP e Bloco de Esquerda para encontrar uma solução de Governo alternativo, demarcando-se do líder da UGT.

Carlos Silva, em entrevista recente à Antena 1, lançou dúvidas se as forças à esquerda do PS podem oferecer uma garantia de estabilidade", defendendo em contrapartida que "seria preferível que a estabilidade governativa assentasse num compromisso entre a coligação PSD/CDS, que venceu as eleições, e o PS".

Na sequência desta entrevista, a UGT convocou uma reunião extraordinária do seu secretariado nacional para a próxima sexta-feira, admitindo-se mesmo a possibilidade de Carlos Silva se afastar da liderança da central sindical.

De todos os apoios sindicais que foram manifestados a António Costa, o mais relevante é assinado por Rui Riso, coordenador da Tendência Sindical Socialista do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas.

"Assistimos a um posicionamento inédito das forças políticas à esquerda e à direita do PS que abre verdadeiramente caminho a uma transformação da democracia portuguesa em que o nosso partido terá mais uma vez de assumir o papel principal como sempre fez ao longo dos últimos mais de quarenta e dois anos", sustenta o dirigente sindical.

Para Rui Riso, "não basta apregoar vontade de mudança e de transformação", já que "uma e outra praticam-se no dia-a-dia de todos nós".

"A capacidade e vontade de transformação responsável é própria de quem sabe interpretar a vontade da sociedade portuguesa e é por isso que os sindicalistas socialistas dos corpos gerentes do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas vêm por este meio manifestar o apoio incondicional às tuas iniciativas para devolver a esperança a todos nós", acrescenta o sindicalista na missiva que escreveu a António Costa.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a Tendência Sindical Socialista da FETESE (Federação dos Sindicatos da Indústria e Serviços) insurge-se contra "alguns filiados [em sindicatos] que aparecem agora alinhados numa campanha à procura do protagonismo proporcionado zelosamente pelos meios de comunicação social".

Também em comunicado, a Tendência Sindical Socialistas dos Trabalhadores da Atividade dos Seguros transmite a António Costa "solidariedade e apoio no caminho que tem vindo a percorrer".

Este grupo de sindicalistas salienta depois o caráter plural do PS, mas lamenta que determinados setores, "não percebendo a matriz histórica que deu origem ao PS e o seu posicionamento fundamental na esquerda portuguesa, insistem hoje no apoio a uma direita que conduziu este país à situação iníqua em que se encontra a maioria dos portugueses".

"Este ruído persistente que alguns insistem fazer e a insistência no apoio a uma direita revanchista, acabam por alinhar naquilo que até agora sempre foi afirmado pelo PCP e Bloco de Esquerda no que concerne ao posicionamento do PS. Uns predispõem-se a mudar, os outros predispõem-se a deixar tudo na mesma. Estranhas posições estas", acrescenta-se no comunicado emitido pela Tendência Sindical Socialistas dos Trabalhadores da Atividade dos Seguros.

A direção da Tendência Sindical da SITESE (Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços) manifesta-se também "contra a campanha pública soez e ideológica movida contra o PS e o seu secretário-geral através dos órgãos de comunicação, aproveitando todas e quaisquer declarações que contenham infundadamente acusações desonestas e indignas de quem as profere".

"Também discordamos profundamente de alguns filiados no PS, que se confundem com os opositores políticos que tudo fazem para lhes alimentarem o protagonismo das suas frustrações pessoais. Há que dar ênfase à importância do PS e do seu secretário-geral na sociedade, deixando as disputas individuais para outra ocasião", sustenta a direção da Tendência Sindical Socialista da SITESE.

PMF // SMA

Lusa/fim