BE diz que estabilidade depende da convergência conseguida com PS
Porto Canal com Lusa
A porta-voz do BE estimou hoje que a estabilidade de um futuro Governo à esquerda, liderado pelo PS, depende da convergência que venha a ser atingida, nomeadamente quanto a pensões, proteção do emprego e salários.
"A estabilidade passa por um processo de convergência entre forças políticas diferentes, que estão empenhadas nesse processo, que tem de ser liderado pelo PS porque teve mais votos e é o único em condições de formar Governo. O BE não deixa de fazer propostas concretas [sobre a sustentabilidade da segurança social, as pensões e o emprego]. É um processo necessariamente complexo mas que está bem encaminhado", afirmou Catarina Martins.
A dirigente bloquista, que rejeitou especificar se o acordo contempla a legislatura ou apenas o próximo Orçamento do Estado, falava aos jornalistas depois de um primeiro encontro formal com o PCP, no parlamento, incluído na série de conversações iniciadas pelo PS, com vista à viabilização de uma alternativa de Governo à esquerda.
"Mantemos essa determinação e certeza de que Portugal tem condições para ter um Governo diferente, que Passos Coelho e Paulo Portas não serão Governo pelo que nos diz respeito", continuou, classificando as negociações como um "debate com o PS muito aberto e franco", com "possibilidades de convergência".
Catarina Martins disse que "com o BE não faltará um acordo que faça recuperar pensões, salários e proteja o emprego", mas os bloquistas nunca serão "cúmplices de um Governo que ataque pensões, reduza salários ou torne o trabalho em Portugal ainda mais precário ou aumente o desemprego".
"O PS, querendo ir mais longe para que haja estabilidade... nós também somos bastante claros sobre aquilo que são as balizas do BE: estaremos sempre do lado da estabilidade de um Governo que permita a recuperação de salários e pensões e permita emprego e na oposição a um Governo que retire rendimentos ao trabalho e pensões ou ataque o emprego em Portugal", sintetizou.
Nas eleições legislativas de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.
O Presidente da República marcou para terça e quarta-feira as audições formais aos partidos com assento parlamentar e fez notar que transmitirá diretamente aos portugueses as decisões políticas que vier a tomar, designadamente a indigitação de um primeiro-ministro, embora já tenha tido uma reunião com Passos Coelho e, posteriormente, uma outra com o líder socialista, António Costa.