Varoufakis: "Plano vingativo da Europa para privatizar a Grécia"

Varoufakis: "Plano vingativo da Europa para privatizar a Grécia"
| Política
Porto Canal (AYS)

Yanis Varoufakis afirma que o plano para onde os Gregos foram transferidos, do género "Treuhand", trará prejuízos financeiros e efeitos devastadores tal como aconteceu no estado Alemão oriental que "acabou por desvanecer".

"Os líderes da zona euro exigiram que os activos públicos gregos sejam transferidos para um fundo do género Treuhand - um veículo de venda urgente semelhante ao utilizado após a queda do Muro de Berlim para privatizar rapidamente, com grande prejuízo financeiro e com efeitos devastadores no emprego de toda a propriedade pública do Estado alemão oriental que desvaneceu", afirma o ex-ministro das Finanças grego.

Varoufakis mostra-se critico quanto a este plano que poderá ser adoptado na Grécia.

"Este Treuhand grego seria sediado no - esperem por isso - Luxemburgo e seria gerido por uma equipa orientada pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, o autor do esquema. Isso iria concluir as vendas urgentes no espaço de três anos. Mas atendendo a que o trabalho do Treuhand original foi acompanhado por investimentos maciços em infraestruturas por parte da Alemanha Ocidental e por transferências sociais em larga escala para a população da Alemanha Oriental, o povo da Grécia não receberia nenhum benefício correspondente de qualquer espécie", relata Varoufakis num artigo de opinião.

O economista diz que o seu sucessor, Euclid Tsakalotos, como ministro das Finanças Grego, fez o seu melhor para a Grécia mas sublinha que o "Treuhand" Grego não trás benefícios para o pais.

"Euclid Tsakalotos, que me sucedeu como ministro das Finanças da Grécia, há duas semanas, fez o seu melhor para melhorar os piores aspectos do plano grego Treuhand. Ele fez que o fundo ficasse domiciliado em Atenas e arrancou dos credores da Grécia (a chamada troika da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional) a importante autorização para que as vendas possam continuar ao longo de 30 anos, em vez dos meros três. Isto foi crucial, pois irá permitir ao Estado grego manter os activos subvalorizados até que o seu preço recupere dos baixos actuais induzidos pela recessão (...) Infelizmente, o Treuhand grego continua a ser uma abominação e deveria ser um estigma na consciência da Europa. Pior, é uma oportunidade perdida".

Varoufakis critica o plano e afirma que apresentou uma proposta alternativa ainda no cargo de ministro das Finanças.
"O governo grego propõe agrupar bens públicos (excluindo os pertinentes para a segurança do país, os equipamentos públicos e o património cultural) numa holding central separada da administração do governo e gerida como uma entidade privada, sob a égide do Parlamento grego, com o objetivo de maximizar o valor dos seus ativos subjacentes e criar um fluxo de investimento de produção nacional. O Estado grego será o único acionista, mas não irá garantir os seus passivos ou a sua dívida.

A holding iria desempenhar um papel dinâmico, preparando os ativos para venda. Iria "emitir uma obrigação plenamente adicional nos mercados de capitais internacionais" para originar 30 a 40 mil milhões de euros (32 a 43 mil milhões de dólares), que, 'tendo em conta o valor presente dos ativos", iriam "ser investidos na modernização e reestruturação dos ativos sob a sua administração'.

O plano previa um programa de investimentos de 3-4 anos, resultando numa 'despesa adicional de 5% do PIB por ano', com condições macroeconómicas atuais implicando 'um multiplicador de crescimento positivo acima de 1,5', o que 'deveria impulsionar o crescimento nominal do PIB para um nível superior a 5% durante vários anos'. Este, por sua vez, induziria 'aumentos proporcionais em receitas fiscais', dessa forma contribuindo para a sustentabilidade fiscal, permitindo ao governo grego exercitar uma disciplina nos gastos sem diminuir ainda mais a economia social.

Neste cenário, o superavit primário (que exclui o pagamento de juros) iria "alcançar magnitudes a uma 'velocidade de escape' em absoluto, bem como termos percentuais ao longo do tempo. Como resultado, à holding iria 'ser concedida uma licença bancária' no prazo de um ou dois anos 'transformando-se assim num banco de desenvolvimento de pleno direito com capacidade de complementaridade no investimento privado na Grécia e de entrar em projetos de colaboração com o Banco de Investimento Europeu'.

O banco de desenvolvimento que propusemos iria 'permitir ao governo escolher que bens seriam, ou não, privatizados, garantindo ao mesmo tempo um maior impacto na redução da dívida a partir das privatizações selecionadas'. Afinal de contas, "os valores dos ativos deveriam aumentar mais do que o montante real gasto na modernização e na reestruturação, auxiliado por um programa de parcerias público-privadas, cujo valor é reforçado de acordo com a probabilidade de futura privatização'".

Após esta proposta a resposta foi o "silêncio" diz o ex-ministro das finanças, alguns dias mais tarde o governo grego estaria a ceder as exigências da troika, e pondo no "lixo" a ideia apresentada. Conclui Yanis Varoufakis

+ notícias: Política

Morreu antigo deputado e eurodeputado do PCP Sérgio Ribeiro

O antigo deputado e eurodeputado do PCP Sérgio Ribeiro morreu aos 88 anos, informou esta segunda-feira o partido, que destaca a sua dedicação à luta “pela emancipação dos povos, pela democracia, o progresso social, a paz e o socialismo”.

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".