Comissão de Trabalhadores do Novo Banco condena acções de protesto dos lesados
Porto Canal / Agências
"Um alegado grupo de 'lesados' do papel comercial pretende, à míngua de outras razões, transformar os trabalhadores do Novo Banco em bodes expiatórios de suas frustrações e de eventuais culpas alheias. Isto já era do nosso conhecimento. Mas as ameaças subiram de tom. De veladas, passaram a explícitas", lê-se num comunicado hoje divulgado pela entidade.
"Desde ontem [quinta-feira], atentaram contra a integridade física e psicológica dos nossos colegas. Vestes rasgadas, empurrões, insultos e demais ameaças. Impedindo a entrada dos trabalhadores nos seus locais de trabalho", destaca a comissão de trabalhadores, apelidando "estas atitudes" de "intoleráveis, indignas e injustas".
A Comissão Nacional dos Trabalhadores "manifesta-se, inequivocamente, ao lado dos trabalhadores. Repudiamos, vivamente, o comportamento destas pessoas".
Ao mesmo tempo, a entidade que representa os colaboradores do Novo Banco critica "a passividade das forças policiais", saúda "o papel e o apoio das direções comerciais junto dos balcões e dos nossos colegas" e louva "a intenção do Conselho de Administração de intentar/diligenciar ações judiciais contra os agressores".
E acrescenta: "Responsabilizamos as autoridades deste país, bem como o Governador do Banco de Portugal, pelas eventuais consequências graves que os Trabalhadores do NOVO BANCO, venham a sofrer".
O Novo Banco revelou na quinta-feira que vai exigir "por todos os meios legais" o apuramento das responsabilidades dos participantes nos protestos dos clientes lesados do papel comercial que acusa de terem agredido verbal e fisicamente colaboradores do banco.
"Hoje [quinta-feira], uma vez mais, a Associação dos Lesados deu seguimento à estratégia de reivindicar as suas pretensões recorrendo a métodos fora da lei", salientou em comunicado o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha, acrescentando que aquela entidade "impediu o acesso de colaboradores do Novo Banco ao seu local de trabalho, para além de os insultar e, nalguns casos, agredir fisicamente".
E vincou: "Por essa razão, no seguimento do comunicado de 06 de maio, o Novo Banco vai exigir, por todos os meios legais, o apuramento das responsabilidades, que estão devidamente documentadas, junto dos mandantes e executantes das agressões verbais e físicas praticadas, incluindo os membros dos órgãos sociais da Associação dos Lesados".
Já no início de maio, o Novo Banco tinha emitido um comunicado onde admitia adotar "medidas legais" contra o comportamento dos lesados do papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo (GES), que foi vendido aos balcões do Banco Espírito Santo (BES) e não foi reembolsado, que têm feito várias ações de protesto contra a situação em que se encontram um pouco por todo o país.
A unidade especial de polícia da PSP retirou na quinta-feira, sem recurso à força, os clientes lesados do BES que se encontravam a bloquear as entradas da sede do Novo Banco, em Lisboa, pelas 09:30.
Esta ação criou as condições necessárias para os funcionários do Novo Banco poderem entrar na sede do banco, tendo a PSP feito um cordão de segurança debaixo das arcadas do edifício.
Cerca de 100 lesados do BES concentraram-se desde cedo em frente às portas da sede do Novo Banco, em Lisboa, em mais uma ação de protesto, levando a polícia a cortar a circulação do trânsito no local.
A 03 de agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, separando a instituição em duas entidades: o chamado 'banco mau' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas), e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
DN (RCP) // ATR
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