Emigrantes em Paris juntam-se em maio para reclamar dinheiro investido no BES

Emigrantes em Paris juntam-se em maio para reclamar dinheiro investido no BES
| Economia
Porto Canal

Um grupo de emigrantes vítimas do colapso do Banco Espírito Santo marcaram uma manifestação para 30 de maio, em frente a uma dependência bancária em Paris, para reclamar o reembolso das poupanças que investiram.

Amélia Reis, de 57 anos, está a organizar o protesto em nome dos emigrantes que afirma terem sido "esquecidos" e disse à Lusa que se a manifestação não surtir efeito, vai reunir um grupo de pessoas para ir a Portugal "manifestar contra o Governo".

"O dinheiro que mandámos para Portugal, de uma certa maneira, foi para ajudar o país e agora esquecem-se nós. É muito injusto o que está a acontecer porque somos os esquecidos, ninguém fala de nós, ninguém se ocupa de nós. É por isso mesmo que resolvi fazer esta manifestação", justificou.

Amélia Reis é porteira e terapeuta de reflexogia, tendo trocado a aldeia de Vinhas, em Macedo de Cavaleiros, por Paris, em 1976. Foi em 2002 que aderiu ao BES e subscreveu as chamadas "Poupanças Plus", tendo feito confiança no nome do banco por ter sido ama dos sobrinhos de Ricardo Salgado, o ex-presidente do BES.

"Eu trabalhei para a família Espírito Santo dos 13 anos até aos 18 anos, até ao 25 de abril, na Rua Santo António à Estrela. Ocupei-me dos miúdos, éramos cinco pessoas. Como sabe eram pessoas muito ricas, nunca me trataram mal, até me ajudaram a ir à escola, a fazer o segundo ano, ia de férias com eles, tudo se passou bem. Foi por essa razão que fiz mais confiança no banco", recordou, lembrando que tem fotografias desses tempos com a família Espírito Santo.

Amélia Reis acrescentou que as chamadas "Poupanças Plus" lhe foram apresentadas como "contas a prazo com bom rendimento" e que sempre avisou que "não queria obrigações".

Adelino Pires também aplicou "as poupanças de uma vida inteira" no produto "Poupanças Plus" e agora apela aos portugueses para que se juntem à manifestação de 30 de maio em frente à mansão onde uma placa dourada assinala a presença do BESV (Banque Espírito Santo et de la Vénétie).

"Há muitas promessas do presidente do Novo Banco [que disse] que nos vai pagar, que nos vai pagar. Ao fim e ao cabo, não sei se nos vão pagar. Fomos enganados. Dizem que pagam e não pagam, até hoje não temos nada. Temos que nos mexer todos senão ficamos sem o nosso dinheiro. Sim, é muito dinheiro, é o dinheiro de uma vida inteira, de uma vida de trabalho", afirmou, emocionado, o português de 62 anos.

Oriundo de uma aldeia perto de Castelo Branco, Adelino Pires está em França há 37 anos, foi pintor de automóveis e estava a contar com o dinheiro que poupou para completar a pensão por invalidez que recebe atualmente.

O português prefere não revelar o montante que investiu no BES mas afiançou que foram "as poupanças de uma vida inteira" e que agora está sem "dinheiro nenhum", denunciando ter sido "enganado" pelo banqueiro que o convenceu a abrir uma conta no BES.

"Enganou-me. Fui enganado. Aquele fundo de garantia não era para a minha conta. Eu como nunca fui investidor na minha vida, sempre tive contas a prazo, mínimas, tirei o dinheiro todo da conta que tinha há mais de 15 anos no Montepio e pus naquele banco[BES]. O resultado foi esse. Fui em conversas de "a minha mãe é lá cliente'. Ele sabia que eu tinha uma conta maior, ele sabia que os emigrantes têm mais dinheiro", contou, indignado.

António Marciano também se vai juntar à manifestação de dia 30 e apelou aos "compatriotas" para se juntarem ao protesto porque só se houver "pressão é que dá em alguma coisa".

Para o reformado de 72 anos, que também investiu algum capital no BES, o banco fez um "assalto aos emigrantes em França".

"Fizeram um assalto aos emigrantes em França. Fizeram um assalto. Contactaram os portugueses para investirem esse dinheiro e agora não fazem contas à malta", lamentou em conversa com a Lusa.

Para o antigo mecânico que trocou as Caldas da Rainha pela região de Paris há 45 anos, trata-se de um "caso grave" porque foi "dinheiro que os portugueses ganharam em França, trabalhando duro, duro".

A manifestação de 30 de maio está marcada para as 09h00, em frente à agência do banco, na Avenue Georges Mandel, no décimo sexto bairro de Paris.

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