Passos diz que medidas já apresentadas pelo PS agravam o défice em 1700 milhões

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 17 abr (Lusa) - O primeiro-ministro fez hoje as contas às medidas já apresentadas pelo PS, antes do prometido cenário macroeconómico, concluindo que agravam o défice em 1700 milhões de euros, e que isso significaria um retorno ao desequilíbrio financeiro.

"São 1700 milhões, um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB). O que é que isto significa? Que em 2016 o país regressaria em grande estilo ao défice excessivo, não podia usar qualquer flexibilidade orçamental, veria agravado o rácio de dívida pública e comprometeria inevitavelmente o equilíbrio externo", declarou Pedro Passos Coelho, durante o debate quinzenal no parlamento.

Dirigindo-se ao líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que o tinha interpelado, Passos Coelho concluiu: "Quer dizer, voltaríamos, não exatamente a 2011, porque nós progredimos muito, mas seria o princípio do regresso em grande estilo a 2011. Isto, senhor deputado, é o que lhe posso dizer, com base na melhor informação de que disponho".

Luís Montenegro tinha perguntado ao primeiro-ministro se o secretário-geral do PS, António Costa, iria responder aos desafios atuais com "as mesmas políticas, e com o mesmo desfecho" do anterior primeiro-ministro socialista, José Sócrates.

Na resposta, o primeiro-ministro e presidente do PSD considerou que "há coisas que o PS ainda está a pensar como é que vai fazer" e que se tem "refugiado nesta desculpa - porque é uma desculpa - de que aguarda a definição do quadro macroeconómico que irá apresentar na próxima semana para dizer quais são as medidas então que vai apresentar".

"Com isso, nega uma série de medidas que já apresentou, sem cenário macroeconómico nenhum", acrescentou o primeiro-ministro, referindo que "o PS já disse que repunha os salários, são 600 milhões", e também que "se deve repor uma cláusula de salvaguarda no IMI", que iria "agravar a descida da receita em mais 150 milhões", e "remover a sobretaxa de IRS", o que "custa 700 milhões".

Quanta à sobretaxa de IRS, alegou: "Com certeza que, não estando de acordo com uma remoção gradual, vai remover mais rapidamente". Também relativamente aos cortes nos salários do setor público, argumentou que se o PS critica o Governo "por fazer uma reposição gradual, é porque vai repor, deduz-se que vai repor" de uma só vez.

Para além disso, prosseguiu Passos Coelho, o PS "quer voltar a pôr o IVA da restauração em 13%, mais 175 milhões" e "quer também repor as 35 horas na Administração Pública, isso o PS já disse, são mais 50 milhões", e " quer o salário mínimo em pelo menos 552 euros por mês", o que na Administração Pública "representa 40 milhões".

Num tom irónico, o primeiro-ministro admitiu que "o PS esclarecerá tudo isto" e mostrará "que para estes 1700 milhões tem uma alternativa", de modo a não agravar o défice nem pôr em causa o equilíbrio externo, no sentido de "um caminho seguro e robusto".

A este propósito, recordou o ex-secretário-geral do PS, António José Seguro, considerando que "cada vez se notam menos diferenças entre o anterior líder e este".

"Nós teremos um caminho certo de recuperação", sustentou Passos Coelho, defendendo que "os portugueses sabem com o que contam" da maioria PSD/CDS-PP: "Concluiremos o nosso mandato sem estar a prometer o céu a ninguém, mas dizendo que com certeza estamos a concluir com mais liberdade um caminho de crescimento e de recuperação do emprego a que o país legitimamente aspira".

IEL // SMA

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